ECLESIASTES |
Nome: O nome hebraico significa pregador e refere-se àquele que reúne ou discursa às assembléias. No livro de Eclesiastes estão registrados os pensamentos do sábio, o homem que meditou profundamente sobre a vida humana , com as suas injustiças e decepções, e concluiu que "tudo é ilusão". O Eclesiastes é o livro do homem sem Deus. Deus não acusa este homem, mas deixa que ele fale de seus sucessos e insucessos, do seu pessimismo e otimismo, da sua esperança e desespero. No final, esse homem se volta para Deus e descobre verdades consoladoras. O sábio aconselha os jovens a se lembrarem do seu Criador e a temerem ao Senhor e obedecerem aos seus mandamentos.
Esboço:
A ilusão da vida - caps. 1-6
Pensamentos sobre a vida - caps. 7-10
Conselhos práticos - caps. 11-12
Capítulos: 12
Palavra chave: Vaidade
Versículo chave: 1.2
Autor: Salomão
Data: 975 a.C.
Mensagens:
1) Acerca da convicção e da conduta. A partir desses
estudos podemos aprender que a convicção e a conduta, segundo a
sua relação, tem muito a ver com o caráter.
a) As convicções afetam o caráter através da conduta.
b) A conduta sem convicção destrói tanto o caráter quanto a
consciência.
c) A conduta orientada pela convicção forma e completa o caráter.
d) A convicção deve ser justa e a conduta tem de estar em
harmonia com ela.
2) Acerca de Deus em nossa vida. Há dois lados da questão:
a) Deixar Deus de fora em nossa vida é o mesmo que perder a
chave para o sucesso na vida.
b) Entronizar a Deus em nossa vida é fazer da vida uma vitória.
Escolha o capítulo que deseja estudar:
Eclesiastes 1 | Eclesiastes 2 | Eclesiastes 3 | Eclesiastes 4 | Eclesiastes 5 |
Eclesiastes 6 | Eclesiastes 7 | Eclesiastes 8 | Eclesiastes 9 | Eclesiastes 10 |
Eclesiastes 11 | Eclesiastes 12 |
Eclesiastes
1
1. Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
2. Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é
vaidade.
3. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga
debaixo do sol?
4. Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece
para sempre.
5. O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde
nasce.
6. O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e
revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.
7. Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao
lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.
8. Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir:
os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
9. O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso
se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol.
10. Há alguma coisa de que se possa dizer: Voê, isto é novo? ela já
existiu nos séculos que foram antes de nós.
11. Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações
futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas.
12. Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
13. E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a
respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu
Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem.
14. Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que
tudo era vaidade e desejo vão.
15. O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode
enumerar.
16. Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei
em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho
tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
17. E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os
desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vão.
18. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o
conhecimento aumenta a tristeza.
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Eclesiastes 2
1. Disse eu a mim mesmo: Ora vem, eu te provarei com a alegria; portanto
goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.
2. Do riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve estar.
3. Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne, sem
deixar de me guiar pela sabedoria, e como me apoderar da estultícia, até ver o
que era bom que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, durante o número
dos dias de sua vida.
4. Fiz para mim obras magníficas: edifiquei casas, plantei vinhas;
5. fiz hortas e jardins, e plantei neles árvores frutíferas de todas as
espécies.
6. Fiz tanques de águas, para deles regar o bosque em que reverdeciam as
árvores.
7. Comprei servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive
grandes possessões de gados e de rebanhos, mais do que todos os que houve antes
de mim em Jerusalém.
8. Ajuntei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das
províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos
homens, concubinas em grande número.
9. Assim me engrandeci, e me tornei mais rico do que todos os que houve
antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
10. E tudo quanto desejaram os meus olhos não lho neguei, nem privei o
meu coração de alegria alguma; pois o meu coração se alegrou por todo o meu
trabalho, e isso foi o meu proveito de todo o meu trabalho.
11. Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito,
como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era
vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol.
12. Virei-me para contemplar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia;
pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que já se fez!
13. Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia,
quanto a luz é mais excelente do que as trevas.
14. Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas;
contudo percebi que a mesma coisa lhes sucede a ambos.
15. Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao estulto, assim
me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria; Então respondi
a mim mesmo que também isso era vaidade.
16. Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para
sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como
morre o sábio, assim morre o estulto!
17. Pelo que aborreci a vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me
era penosa; sim, tudo é vaidade e desejo vão.
18. Também eu aborreci todo o meu trabalho em que me afadigara debaixo
do sol, visto que tenho de deixá-lo ao homem que virá depois de mim.
19. E quem sabe se será sábio ou estulto? Contudo, ele se assenhoreará
de todo o meu trabalho em que me afadiguei, e em que me houve sabiamente debaixo
do sol; também isso é vaidade.
20. Pelo que eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no
tocante a todo o trabalho em que me afadigara debaixo do sol.
21. Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, e ciência, e
destreza; contudo, deixará o fruto do seu labor para ser porção de quem não
trabalhou nele; também isso é vaidade e um grande mal.
22. Pois, que alcança o homem com todo o seu trabalho e com a fadiga em
que ele anda trabalhando debaixo do sol?
23. Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho é vexação;
nem de noite o seu coração descansa. Também isso é vaidade.
24. Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer que a
sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da mão de Deus.
25. Pois quem pode comer, ou quem pode gozar. melhor do que eu?
26. Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria, e conhecimento, e
alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de
dá-lo àquele que agrada a Deus: Também isso é vaidade e desejo vão.
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Eclesiastes 3
1. Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito
debaixo do céu.
2. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de
arrancar o que se plantou;
3. tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de
edificar;
4. tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de
dançar;
5. tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de
abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;
6. tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de
deitar fora;
7. tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de
falar;
8. tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
9. Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
10. Tenho visto o trabalho penoso que Deus deu aos filhos dos homens para
nele se exercitarem.
11. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a
idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez
desde o princípio até o fim.
12. Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e
fazerem o bem enquanto viverem;
13. e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu
trabalho é dom de Deus.
14. Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode
acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam
diante dele:
15. O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e
Deus procura de novo o que já se passou.
16. Vi ainda debaixo do sol que no lugar da retidão estava a impiedade;
e que no lugar da justiça estava a impiedade ainda.
17. Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque
há um tempo para todo propósito e para toda obra.
18. Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos filhos dos homens,
para que Deus possa prová-los, e eles possam ver que são em si mesmos como os
brutos.
19. Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede
aos brutos; uma e a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro;
todos têm o mesmo fôlego; e o homem não tem vantagem sobre os brutos; porque
tudo é vaidade.
20. Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão.
21. Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o
espírito dos brutos desce para a terra?
22. Pelo que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o
homem nas suas obras; porque esse é o seu quinhão; pois quem o fará voltar
para ver o que será depois dele?
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Eclesiastes 4
1. Depois volvi-me, e atentei para todas as opressões que se fazem
debaixo do sol; e eis as lágrimas dos oprimidos, e eles não tinham consolador;
do lado dos seus opressores havia poder; mas eles não tinham consolador.
2. Pelo que julguei mais felizes os que já morreram, do que os que vivem
ainda.
3. E melhor do que uns e outros é aquele que ainda não é, e que não
viu as más obras que se fazem debaixo do sol.
4. Também vi eu que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da
inveja que o homem tem do seu próximo. Também isso é e vaidade e desejo vão.
5. O tolo cruza as mãos, e come a sua; própria carne.
6. Melhor é um punhado com tranqüilidade do que ambas as mãos cheias
com trabalho e vão desejo.
7. Outra vez me volvi, e vi vaidade debaixo do sol.
8. Há um que é só, não tendo parente; não tem filho nem irmão e,
contudo, de todo o seu trabalho não há fim, nem os seus olhos se fartam de
riquezas. E ele não pergunta: Para quem estou trabalhando e privando do bem a
minha alma? Também isso é vaidade a e enfadonha ocupação.
9. Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu
trabalho.
10. Pois se caírem, um levantará o seu companheiro; mas ai do que
estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante.
11. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só
como se aquentará?
12. E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e
o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.
13. Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato,
que não se deixa mais admoestar,
14. embora tenha saído do cárcere para reinar, ou tenha nascido pobre
no seu próprio reino.
15. Vi a todos os viventes que andavam debaixo do sol, e eles estavam com
o mancebo, o sucessor, que havia de ficar no lugar do rei.
16. Todo o povo, à testa do qual se achava, era inumerável; contudo os
que lhe sucederam não se regozijarão a respeito dele. Na verdade também isso
é vaidade e desejo vão.
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Eclesiastes 5
1. Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para
ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem
mal.
2. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a
pronunciar palavra alguma na presença de Deus; porque Deus está no céu, e tu
estás sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas palavras.
3. Porque, da multidão de trabalhos vêm os sonhos, e da multidão de
palavras, a voz do tolo.
4. Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque
não se agrada de tolos. O que votares, paga-o.
5. Melhor é que não votes do que votares e não pagares.
6. Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas na
presença do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz,
e destruiria a obra das tuas mãos?
7. Porque na multidão dos sonhos há vaidades e muitas palavras; mas tu
teme a Deus.
8. Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão
violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois
quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda
sobre eles.
9. O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo.
10. Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a
riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade.
11. Quando se multiplicam os bens, multiplicam-se também os que comem; e
que proveito tem o seu dono senão o de vê-los com os seus olhos?
12. Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a
saciedade do rico não o deixa dormir.
13. Há um grave mal que vi debaixo do sol: riquezas foram guardadas por
seu dono para o seu próprio dano;
14. e as mesmas riquezas se perderam por qualquer má aventura; e havendo
algum filho nada fica na sua mão.
15. Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio;
e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão.
16. Ora isso é um grave mal; porque justamente como veio, assim há de
ir; e que proveito lhe vem de ter trabalhado para o vento,
17. e de haver passado todos os seus dias nas trevas, e de haver padecido
muito enfado, enfermidades e aborrecimento?
18. Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: alguém comer e beber, e
gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol,
todos os dias da vida que Deus lhe deu; pois esse é o seu quinhão.
19. E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e bens, e poder para
desfrutá-los, receber o seu quinhão, e se regozijar no seu trabalho, isso é
dom de Deus.
20. Pois não se lembrará muito dos dias da sua vida; porque Deus lhe
enche de alegria o coração.
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Eclesiastes 6
1. Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que pesa muito sobre o
homem:
2. um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, de maneira que nada
lhe falta de tudo quanto ele deseja, contudo Deus não lhe dá poder para daí
comer, antes o estranho lho come; também isso é vaidade e grande mal.
3. Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, de modo que os dias
da sua vida sejam muitos, porém se a sua alma não se fartar do bem, e além
disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele;
4. porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu
nome;
5. e ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que
o tal;
6. e embora vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem. Não
vão todos para um mesmo lugar?
7. Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo não se
satisfaz o seu apetite.
8. Pois, que vantagem tem o sábio sobre o tolo? e que tem o pobre que
sabe andar perante os vivos?
9. Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isso
é vaidade, e desejo vão.
10. Seja qualquer o que for, já há muito foi chamado pelo seu nome; e
sabe-se que é homem; e ele não pode contender com o que é mais forte do que
ele.
11. Visto que as muitas palavras aumentam a vaidade, que vantagem tira
delas o homem?
12. Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante os
poucos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? pois quem declarará ao
homem o que será depois dele debaixo do sol?
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Eclesiastes 7
1. Melhor é o bom nome do que o melhor ungüento, e o dia da morte do
que o dia do nascimento.
2. Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete;
porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu
coração.
3. Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna
melhor o coração.
4. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos
tolos na casa da alegria.
5. Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a
canção dos tolos.
6. Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo da panela, tal é o riso do
tolo; também isso é vaidade.
7. Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e a peita
corrompe o coração.
8. Melhor é o fim duma coisa do que o princípio; melhor é o paciente
do que o arrogante.
9. Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no
seio dos tolos.
10. Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que
estes; porque não provém da sabedoria esta pergunta.
11. Tão boa é a sabedoria como a herança, e mesmo de mais proveito
para os que vêem o sol.
12. Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro;
mas a excelência da sabedoria é que ela preserva a vida de quem a possui.
13. Considera as obras de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele
fez torto?
14. No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade
considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada
descubra do que há de vir depois dele.
15. Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua
justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.
16. Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que
te destruirias a ti mesmo?
17. Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias
antes do teu tempo?
18. Bom é que retenhas isso, e que também daquilo não retires a tua
mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.
19. A sabedoria fortalece ao sábio mais do que dez governadores que haja
na cidade.
20. Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca
peque.
21. Não escutes a todas as palavras que se disserem, para que não
venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-te;
22. pois tu sabes também que muitas vezes tu amaldiçoaste a outros.
23. Tudo isto provei-o pela sabedoria; e disse: Far-me-ei sábio; porém
a sabedoria ainda ficou longe de mim.
24. Longe está o que já se foi, e profundíssimo; quem o poderá achar?
25. Eu me volvi, e apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e
buscar a sabedoria e a razão de tudo, e para conhecer que a impiedade é
insensatez e que a estultícia é loucura.
26. E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo
coração são laços e redes, e cujas mãos são grilhões; quem agradar a Deus
escapará dela; mas o pecador virá a ser preso por ela.
27. Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a
outra para achar a causa;
28. causa que ainda busco, mas não a achei; um homem entre mil achei eu,
mas uma mulher entre todas, essa não achei.
29. Eis que isto tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas os
homens buscaram muitos artifícios.
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Eclesiastes 8
1. Quem é como o sábio? e quem sabe a interpretação das coisas? A
sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto, e com ela a dureza do seu rosto se
transforma.
2. Eu digo: Observa o mandamento do rei, e isso por causa do juramento a
Deus.
3. Não te apresses a sair da presença dele; nem persistas em alguma
coisa má; porque ele faz tudo o que lhe agrada.
4. Porque a palavra do rei é suprema; e quem lhe dirá: que fazes?
5. Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o
coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.
6. Porque para todo propósito há tempo e juízo; porquanto a miséria
do homem pesa sobre ele.
7. Porque não sabe o que há de suceder; pois quem lho dará a entender
como há de ser?
8. Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter;
nem que tenha poder sobre o dia da morte; nem há licença em tempo de guerra;
nem tampouco a impiedade livrará aquele que a ela está entregue.
9. Tudo isto tenho observado enquanto aplicava o meu coração a toda
obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre
outro homem para o seu próprio dano.
10. Vi também os ímpios sepultados, os que antes entravam e saíam do
lugar santo; e foram esquecidos na cidade onde haviam assim procedido; também
isso é vaidade.
11. Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração
dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal.
12. Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe
prolonguem, contudo eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus,
porque temem diante dele;
13. ao ímpio, porém, não irá bem, e ele não prolongará os seus
dias, que são como a sombra; porque ele não teme diante de Deus.
14. Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: há justos a quem
sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as
obras dos justos. Eu disse que também isso é vaidade.
15. Exalto, pois, a alegria, porquanto o homem nenhuma coisa melhor tem
debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no
seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol.
16. Quando apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, e a ver o
trabalho que se faz sobre a terra (pois homens há que nem de dia nem de noite
conseguem dar sono aos seus olhos),
17. então contemplei toda obra de Deus, e vi que o homem não pode
compreender a obra que se faz debaixo do sol; pois por mais que o homem trabalhe
para a descobrir, não a achará; embora o sábio queira conhecê-la, nem por
isso a poderá compreender.
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Eclesiastes 9
1. Deveras a tudo isto apliquei o meu coração, para claramente entender
tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de
Deus; se é amor ou se é ódio, não o sabe o homem; tudo passa perante a sua
face.
2. Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio,
ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não
sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o
juramento.
3. Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a
todos sucede o mesmo. Também o coração dos filhos dos homens está cheio de
maldade; há desvarios no seu coração durante a sua vida, e depois se vão aos
mortos.
4. Ora, para aquele que está na companhia dos vivos há esperança;
porque melhor é o cão vivo do que o leão morto.
5. Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa
nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória
ficou entregue ao esquecimento.
6. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem
têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo
do sol.
7. Vai, pois, come com alegria o teu pão .e bebe o teu vinho com
coração contente; pois há muito que Deus se agrada das tuas obras.
8. Sejam sempre alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua
cabeça.
9. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os
quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vida vã; porque este é
o teu quinhão nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol.
10. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem
conhecimento, nem sabedoria alguma.
11. Observei ainda e vi que debaixo do sol não é dos ligeiros a
carreira, nem dos fortes a peleja, nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda
dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor; mas que a ocasião e a
sorte ocorrem a todos.
12. Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham
com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se
enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém
de repente.
13. Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que me pareceu
grande:
14. Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; e veio contra
ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras.
15. Ora, achou-se nela um sábio pobre, que livrou a cidade pela sua
sabedoria; contudo ninguém se lembrou mais daquele homem pobre.
16. Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força; todavia a
sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.
17. As palavras dos sábios ouvidas em silêncio valem mais do que o
clamor de quem governa entre os tolos.
18. Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra; mas um só pecador
faz grande dano ao bem.
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Eclesiastes 10
1. As moscas mortas fazem com que o ungüento do perfumista emita mau
cheiro; assim um pouco de estultícia pesa mais do que a sabedoria e a honra.
2. O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do
tolo o inclina para a esquerda.
3. E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o entendimento, e
ele diz a todos que é tolo.
4. Se levantar contra ti o espírito do governador, não deixes o teu
lugar; porque a deferência desfaz grandes ofensas.
5. Há um mal que vi debaixo do sol, semelhante a um erro que procede do
governador:
6. a estultícia está posta em grande dignidade, e os ricos estão
assentados em lugar humilde.
7. Tenho visto servos montados a cavalo, e príncipes andando a pé como
servos.
8. Aquele que abrir uma cova, nela cairá; e quem romper um muro, uma
cobra o morderá.
9. Aquele que tira pedras é maltratado por elas, e o que racha lenha
corre perigo nisso.
10. Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve
pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para dar prosperidade.
11. Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no
encantador.
12. As palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas os lábios
do tolo o devoram.
13. O princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim do seu
discurso é loucura perversa.
14. O tolo multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de
ser; e quem lhe poderá declarar o que será depois dele?
15. O trabalho do tolo o fatiga, de sorte que não sabe ir à cidade.
16. Ai de ti, ó terra, quando o teu rei é criança, e quando os teus
príncipes banqueteiam de manhã!
17. Bem-aventurada tu, ó terra, quando o teu rei é filho de nobres, e
quando os teus príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para
bebedice!
18. Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a
casa tem goteiras.
19. Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo
o dinheiro responde.
20. Nem ainda no teu pensamento amaldições o rei; nem tampouco na tua
recâmara amaldiçoes o rico; porque as aves dos céus levarão a voz, e uma
criatura alada dará notícia da palavra.
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Eclesiastes 11
1. Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o
acharás.
2. Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal
haverá sobre a terra.
3. Estando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra. Caindo a
árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali
ficará.
4. Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens
não segará.
5. Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam
os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de
Deus, que faz todas as coisas.
6. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão;
pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas
serão, igualmente boas.
7. Doce é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.
8. Se, pois, o homem viver muitos anos, regozije-se em todos eles;
contudo lembre-se dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto
sucede é vaidade.
9. Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos
dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos
teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo.
10. Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o mal;
porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.
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Eclesiastes 12
1. Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que
venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;
2. antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e
tornem a vir as nuvens depois da chuva;
3. no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens
fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que
olham pelas janelas,
4. e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura,
e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem
abatidas;
5. como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no
caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo;
porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando
pela praça;
6. antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou
se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,
7. e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que
o deu.
8. Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.
9. Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o
conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.
10. Procurou o pregador achar palavras agradáveis, e escreveu com acerto
discursos plenos de verdade.
11. As palavras dos sábios são como aguilhões; e como pregos bem
fixados são as palavras coligidas dos mestres, as quais foram dadas pelo único
pastor.
12. Além disso, filho meu, sê avisado. De fazer muitos livros não há
fim; e o muito estudar é enfado da carne.
13. Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda
os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem.
14. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está
encoberto, quer seja bom, quer seja mau.
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