DANIEL |
Nome: O nome é tirado do seu personagem principal, Daniel, que significa, Deus é meu juiz. O livro foi escrito em tempos de perseguição e sofrimento para o povo judaico. Por meio de histórias e visões, o autor procura explicar ao povo por que eles estão sendo perseguidos e os anima a continuarem fiéis a Deus, pois chegará o tempo em que Deus acabará com o domínio dos pagãos e mais uma vez Israel será uma nação livre e independente. O livro contém histórias a respeito de Daniel e alguns dos seus companheiros que estão vivendo na Babilônia e várias visões de Daniel que tratam dos vários impérios que aparecem e desaparecem. Nas visões, destaca-se uma espécie de previsão do futuro da humanidade, com a vitória do povo judaico.
Esboço:
Histórias de Daniel e seus companheiros - caps. 1-6
As visões de Daniel:
Os quatro monstros - cap.7
O carneiro e o bode - caps. 8-9
O mensageiro do céu - caps. 10-11
O tempo do fim - cap. 12
Capítulos: 12
Palavra chave: Revelação
Versículo chave: 6.10
Autor: Atribui-se a Daniel
Data: 606 a.C.
Mensagens:
1) Acerca da sabedoria e do poder de Deus. Ele revela a sua
sabedoria através do seu povo que ele conhece e que também o
conhece. O seu poder é exaltado no seu cuidado para com o seu
povo governando todas as coisas e visando o bem deles.
2) Acerca dos governos humanos. Deus levanta e destrói as nações. Ele permite o desenvolvimento das nações ímpias e, então, as destrói enquanto dá o crescimento as boas nações preservando-as. Dessa forma ele governa todo o mundo segundo os propósitos de graça, mostrando que tem poder e sabedoria para governá-lo até o fim dos tempos.
3) Acerca do conflito entre o bem e o mal. O mal cresce de forma cada vez mais determinada, enquanto que o bem se torna cada vez mais distinto. Daí a questão: "O mundo está melhorando?" E o resultado é que o mal e o bem devem entrar em conflito definitivo.
4) Acerca da vida reta. As pessoas podem, apesar das circunstâncias, agir retamente (veja Daniel). Isso pode exigir duros testes para a fé, mas fará com que os homens conheçam o poder de Deus. 5. Acerca do reino messiânico. Será uma grande potência mundial dirigida pela justiça e direito. Destruirá todas as demais nações e permanecerá eternamente.
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Daniel 11 | Daniel 12 |
Daniel 1
1. No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.
2. E o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma
parte dos vasos da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a
casa do seu deus; e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
3. Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse
alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres,
4. jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência,
dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade
para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua
dos caldeus.
5. E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do
vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no
fim destes pudessem estar diante do rei.
6. Ora, entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias,
Misael e Azarias.
7. Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o
de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias,
o de Abednego.
8. Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a
porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao
chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
9. Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do
chefe dos eunucos.
10. E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o
rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois veria ele os vossos
rostos mais abatidos do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim poríeis
em perigo a minha cabeça para com o rei.
11. Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia
posto sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12. Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem
legumes a comer e água a beber.
13. Então se examine na tua presença o nosso semblante e o dos jovens
que comem das iguarias reais; e conforme vires procederás para com os teus
servos.
14. Assim ele lhes atendeu o pedido, e os experimentou dez dias.
15. E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e
eles estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias reais.
16. Pelo que o despenseiro lhes tirou as iguarias e o vinho que deviam
beber, e lhes dava legumes.
17. Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a
inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido
em todas as visões e todos os sonhos.
18. E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem
apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonosor.
19. Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram
achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram
assistindo diante do rei.
20. E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual
lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos
e encantadores que havia em todo o seu reino.
21. Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.
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Daniel 2
1. Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este uns sonhos;
e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
2. Então o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os
adivinhadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; eles
vieram, pois, e se apresentaram diante do rei.
3. E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está
perturbado o meu espírito.
4. Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente; dize
o sonho a teus servos, e daremos a interpretação
5. Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Esta minha palavra é
irrevogável se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis
despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo;
6. mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis
de mim dádivas, recompensas e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a
sua interpretação.
7. Responderam pela segunda vez: Diga o rei o sonho a seus servos, e
daremos a interpretação.
8. Respondeu o rei, e disse: Bem sei eu que vós quereis ganhar tempo;
porque vedes que a minha palavra é irrevogável.
9. se não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa;
pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na
minha presença, até que se mude o tempo. portanto dizei-me o sonho, para que
eu saiba que me podeis dar a sua interpretação.
10. Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há
ninguém sobre a terra que possa cumprir a palavra do rei; pois nenhum rei, por
grande e poderoso que fosse, tem exigido coisa semelhante de algum mago ou
encantador, ou caldeu.
11. A coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa
declarar ao rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal.
12. Então o rei muito se irou e enfureceu, e ordenou que matassem a
todos os sábios de Babilônia.
13. saiu, pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e
buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14. Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da
guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia;
15. pois disse a Arioque, capitão do rei: Por que é o decreto do rei
tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel.
16. Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o
prazo, para que desse ao rei a interpretação.
17. Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e
Azarias, seus companheiros,
18. para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério,
a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto
dos sábios de Babilônia.
19. Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; pelo
que Daniel louvou o Deus do céu.
20. Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque
são dele a sabedoria e a força.
21. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece
os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos
entendidos.
22. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e
com ele mora a luz.
23. Ó Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste
sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos; pois nos fizeste
saber este assunto do rei.
24. Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído
para matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não mates os
sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e lhe darei a
interpretação.
25. Então Arioque depressa introduziu Daniel à presença do rei, e
disse-lhe assim: Achei dentre os filhos dos cativos de Judá um homem que fará
saber ao rei a interpretação.
26. Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu
fazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação?
27. Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei
exigiu, nem sábios, nem encantadores, nem magos, nem adivinhadores lhe podem
revelar;
28. mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele, pois, fez
saber ao rei Nabucodonosor o que há de suceder nos últimos dias. O teu sonho e
as visões que tiveste na tua cama são estas:
29. Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos sobre o
que havia de suceder no futuro. Aquele, pois, que revela os mistérios te fez
saber o que há de ser.
30. E a mim me foi revelado este mistério, não por ter eu mais
sabedoria que qualquer outro vivente, mas para que a interpretação se fizesse
saber ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração.
31. Tu, ó rei, na visão olhaste e eis uma grande estátua. Esta
estátua, imensa e de excelente esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua
aparência era terrível.
32. A cabeça dessa estátua era de ouro fino; o peito e os braços de
prata; o ventre e as coxas de bronze;
33. as pernas de ferro; e os pés em parte de ferro e em parte de barro.
34. Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de
mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.
35. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata
e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os
levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu
a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra.
36. Este é o sonho; agora diremos ao rei a sua interpretação.
37. Tu, ó rei, és rei de reis, a quem o Deus do céu tem dado o reino,
o poder, a força e a glória;
38. e em cuja mão ele entregou os filhos dos homens, onde quer que
habitem, os animais do campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos
eles; tu és a cabeça de ouro.
39. Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um
terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.
40. E haverá um quarto reino, forte como ferro, porquanto o ferro
esmiúça e quebra tudo; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele
quebrantará e esmiuçará.
41. Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de
oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele
alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de
lodo.
42. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro,
assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
43. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo,
misturar-se-ão pelo casamento; mas não se ligarão um ao outro, assim como o
ferro não se mistura com o barro.
44. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que
não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo;
mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.
45. Porquanto viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de
mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o grande
Deus faz saber ao rei o que há de suceder no futuro. Certo é o sonho, e fiel a
sua interpretação.
46. Então o rei Nabucodonosor caiu com o rosto em terra, e adorou a
Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves.
47. Respondeu o rei a Daniel, e disse: Verdadeiramente, o vosso Deus é
Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos mistérios, pois pudeste
revelar este mistério.
48. Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes
dádivas, e o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia, como
também o fez chefe principal de todos os sábios de Babilônia.
49. A pedido de Daniel, o rei constituiu superintendentes sobre os
negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel
permaneceu na corte do rei.
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Daniel 3
1. O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de
sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de
Dura, na província de Babilônia.
2. Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos,
os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e
todos os oficiais das províncias, para que viessem à dedicação da estátua
que ele fizera levantar.
3. Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os
conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais
das províncias, para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonosor fizera
levantar; e estavam todos em pé diante da imagem.
4. E o pregoeiro clamou em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações
e gentes de todas as línguas:
5. Logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara,
do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, prostrar-vos-eis,
e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado.
6. E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora
lançado dentro duma fornalha de fogo ardente.
7. Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da
trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, e de toda a sorte de
música, se prostraram todos os povos, nações e línguas, e adoraram a
estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
8. Ora, nesse tempo se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os
judeus.
9. E disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente.
10. Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o
som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de
foles, e de toda a sorte de música, se prostraria e adoraria a estátua de
ouro;
11. e qualquer que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa
fornalha de fogo ardente.
12. Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da
província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei,
não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de
ouro que levantaste.
13. Então Nabucodonosor, na sua ira e fúria, mandou chamar Sadraque,
Mesaque e Abednego. Logo estes homens foram trazidos perante o rei.
14. Falou Nabucodonosor, e lhes disse: E verdade, ó Sadraque, Mesaque e
Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que
levantei?
15. Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da
flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte
de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se
não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha de fogo
ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
16. Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: Ó
Nabucodonosor, não necessitamos de te responder sobre este negócio.
17. Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha
de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei.
18. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses
nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
19. Então Nabucodonosor se encheu de raiva, e se lhe mudou o aspecto do
semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que a fornalha
se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer;
20. e ordenou a uns homens valentes do seu exército, que atassem a
Sadraque, Mesaque e Abednego, e os lançassem na fornalha de fogo ardente.
21. Então estes homens foram atados, vestidos de seus mantos, suas
túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo
ardente.
22. Ora, tão urgente era a ordem do rei e a fornalha estava tão quente,
que a chama do fogo matou os homens que carregaram a Sadraque, Mesaque e
Abednego.
23. E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da
fornalha de fogo ardente.
24. Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa;
falou, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós dentro do fogo três
homens atados? Responderam ao rei: É verdade, ó rei.
25. Disse ele: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando
dentro do fogo, e nenhum dano sofrem; e o aspecto do quarto é semelhante a um
filho dos deuses.
26. Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo
ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus
Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do
fogo.
27. E os sátrapas, os prefeitos, os governadores, e os conselheiros do
rei, estando reunidos, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os
corpos destes homens, nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem
sofreram mudança os seus mantos, nem sobre eles tinha passado o cheiro de fogo.
28. Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que
confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus
corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus.
29. Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e
língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego,
seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há
outro deus que possa livrar desta maneira.
30. Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego na
província de Babilônia.
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Daniel 4
1. Nabucodonosor rei, a todos os povos, nações, e línguas, que moram
em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
2. Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o
Altíssimo, tem feito para comigo.
3. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas
maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em
geração.
4. Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e próspero no meu
palácio.
5. Tive um sonho que me espantou; e estando eu na minha cama, os
pensamentos e as visões da minha cabeça me perturbaram.
6. Portanto expedi um decreto, que fossem introduzidos à minha presença
todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do
sonho.
7. Então entraram os magos, os encantadores, os caldeus, e os
adivinhadores, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a
interpretação do mesmo.
8. Por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar,
segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu
lhe contei o sonho, dizendo:
9. Ó Beltessazar, chefe dos magos, porquanto eu sei que há em ti o
espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil, dize-me as
visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.
10. Eram assim as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: eu
olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura;
11. crescia a árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura
chegava até o céu, e era vista até os confins da terra.
12. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela
sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves
do céu faziam morada nos seus ramos, e dela se mantinha toda a carne.
13. Eu via isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama, e
eis que um vigia, um santo, descia do céu.
14. Ele clamou em alta voz e disse assim: Derrubai a árvore, e
cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai o seu fruto; afugentem-se
os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos.
15. Contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta de
ferro e de bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do orvalho do
céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra.
16. Seja mudada a sua mente, para que não seja mais a de homem, e lhe
seja dada mente de animal; e passem sobre ele sete tempos.
17. Esta sentença é por decreto dos vigias, e por mandado dos santos; a
fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre
eles.
18. Este sonho eu, rei Nabucodonosor, o vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a
interpretação; porquanto todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me
saber a interpretação; mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses
santos.
19. Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum
tempo, e os seus pensamentos o perturbaram. Falou, pois, o rei e disse:
Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu
Beltessazar, e disse: Senhor meu, seja o sonho para os que te odeiam, e a sua
interpretação para os teus inimigos:
20. A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava
até o céu, e que era vista por toda a terra;
21. cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para
todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em
cujos ramos habitavam as aves do céu;
22. és ,tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; pois a tua
grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da
terra.
23. E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e
que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a; contudo deixai na terra o tronco com
as suas raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra relva do
campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais
do campo, até que passem sobre ele sete tempos;
24. esta é a interpretação, ó rei é o decreto do Altíssimo, que é
vindo sobre o rei, meu senhor:
25. serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os
animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do
orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
26. E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da
árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu
reina.
27. Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados,
praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de misericórdia com os
pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranqüilidade.
28. Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonosor.
29. Ao cabo de doze meses, quando passeava sobre o palácio real de
Babilônia,
30. falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu
edifiquei para a morada real, pela força do meu poder, e para a glória da
minha majestade?
31. Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A
ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino.
32. E serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os
animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete
tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino
dos homens, e o dá a quem quer.
33. Na mesma hora a palavra se cumpriu sobre Nabucodonosor, e foi expulso
do meio dos homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do
orvalho do céu, até que lhe cresceu o cabelo como as penas da águia, e as
suas unhas como as das aves:
34. Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei ao céu os meus
olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei,
e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio
sempiterno, e o seu reino é de geração em geração.
35. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua
vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há
quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?
36. No mesmo tempo voltou a mim o meu entendimento; e para a glória do
meu reino voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor. Buscaram-me os meus
conselheiros e os meus grandes; e fui restabelecido no meu reino, e foi-me
acrescentada excelente grandeza.
37. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei
do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e ele
pode humilhar aos que andam na soberba.
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Daniel 5
1. O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu
vinho na presença dos mil.
2. Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de
prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em
Jerusalém, para que bebessem por eles o rei, e os seus grandes, as suas
mulheres e concubinas.
3. Então trouxeram os vasos de ouro que foram tirados do templo da casa
de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam por eles o rei, os seus grandes, as
suas mulheres e concubinas.
4. Beberam vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de
bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
5. Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam,
defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a
parte da mão que estava escrevendo.
6. Mudou-se, então, o semblante do rei, e os seus pensamentos o
perturbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um
no outro.
7. E ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem os encantadores, os
caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia:
Qualquer que ler esta escritura, e me declarar a sua interpretação, será
vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o
terceiro governante.
8. Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o
escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.
9. Nisto ficou o rei Belsazar muito perturbado, e se lhe mudou o
semblante; e os seus grandes estavam perplexos.
10. Ora a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes,
entrou na casa do banquete; e a rainha disse: Ó rei, vive para sempre; não te
perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
11. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e
nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a
sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o
constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus, e dos adivinhadores;
12. porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e
conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver
dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora
Daniel, e ele dará a interpretação.
13. Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e
disse à Daniel: És tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei, meu
pai, trouxe de Judá?
14. Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em
ti, e que em ti se acham a luz, o entendimento e a excelente sabedoria.
15. Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios, os
encantadores, para lerem o escrito, e me fazerem saber a sua interpretação;
mas não puderam dar a interpretação destas palavras.
16. Ouvi dizer, porém, a teu respeito que podes dar interpretações e
resolver dúvidas. Agora, pois, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a
sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao
pescoço, e no reino serás o terceiro governante.
17. Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus
presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; todavia vou ler ao rei
o escrito, e lhe farei saber a interpretação.
18. O Altíssimo Deus, ó rei, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e a
grandeza, glória e majestade;
19. e por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações, e
línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria
conservava em vida; a quem queria exaltava, e a quem queria abatia.
20. Mas quando o seu coração se elevou, e o seu espírito se endureceu
para se haver arrogantemente, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a
sua glória.
21. E foi expulso do meio dos filhos dos homens, e o seu coração foi
feito semelhante aos dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses;
deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu
corpo, até que conheceu que o Altíssimo Deus tem domínio sobre o reino dos
homens, e a quem quer constitui sobre ele.
22. E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração,
ainda que soubeste tudo isso;
23. porém te elevaste contra o Senhor do céu; pois foram trazidos a tua
presença os vasos da casa dele, e tu, os teus grandes, as tua mulheres e as
tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não
ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem são
todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.:
24. Então dele foi enviada aquela parte da mão que traçou o escrito.
25. Esta, pois, é a escritura que foi traçada: MENE, MENE, TEQUEL,
UFARSlM.
26. Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o
acabou.
27. TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.
28. PERES: Dividido está o teu reino, e entregue aos medos e persas.
29. Então Belsazar deu ordem, e vestiram a Daniel de púrpura,
puseram-lhe uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamaram a respeito dele que
seria o terceiro em autoridade no reino.
30. Naquela mesma noite Belsazar, o rei dos caldeus, foi morto.
31. E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos
de idade.
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Daniel 6
1. Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte sátrapas,
que estivessem por todo o reino;
2. e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um; a fim de que
estes sátrapas lhes dessem conta, e que o rei não sofresse dano.
3. Então o mesmo Daniel sobrepujava a estes presidentes e aos sátrapas;
porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre
todo o reino:
4. Nisso os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra
Daniel a respeito do reino mas não podiam achar ocasião ou falta alguma;
porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem falta.
5. Pelo que estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra
este Daniel, a menos que a procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.
6. Então os presidentes e os sátrapas foram juntos ao rei, e
disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre.
7. Todos os presidentes do reino, os prefeitos e os sátrapas, os
conselheiros e os governadores, concordaram em que o rei devia baixar um decreto
e publicar o respectivo interdito, que qualquer que, por espaço de trinta dias,
fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei,
seja lançado na cova dos leões.
8. Agora pois, ó rei, estabelece o interdito, e assina o edital, para
que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode
revogar.
9. Em virtude disto o rei Dario assinou o edital e o interdito.
10. Quando Daniel soube que o edital estava assinado, entrou em sua casa,
no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o lado de
Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças
diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
11. Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e
suplicando diante do seu Deus.
12. Depois se foram à presença do rei e lhe perguntaram no tocante ao
interdito real: Porventura não assinaste um interdito pelo qual todo homem que
fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem por espaço de trinta
dias, exceto a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e
disse: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se
pode revogar.
13. Então responderam ao rei, dizendo-lhe Esse Daniel, que é dos
exilados de Judá, e não tem feito caso de ti, ó rei, nem do interdito que
assinaste; antes três vezes por dia faz a sua oração.
14. Ouvindo então o rei a notícia, ficou muito penalizado, e a favor de
Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até o pôr do sol trabalhou
para o salvar.
15. Nisso aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe disseram: Sabe, ó
rei, que é lei dos medos e persas que nenhum interdito ou decreto que o rei
estabelecer, se pode mudar.
16. Então o rei deu ordem, e trouxeram Daniel, e o lançaram na cova dos
leões. Ora, disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves,
ele te livrará.
17. E uma pedra foi trazida e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou
com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que no tocante a Daniel nada
se mudasse:
18. Depois o rei se dirigiu para o seu palácio, e passou a noite em
jejum; e não foram trazidos à sua presença instrumentos de música, e fugiu
dele o sono.
19. Então o rei se levantou ao romper do dia, e foi com pressa à cova
dos leões.
20. E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o
rei a Daniel: Ó Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a
quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?
21. Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre.
22. O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles não
me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e também
diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
23. Então o rei muito se alegrou, e mandou tirar a Daniel da cova. Assim
foi tirado Daniel da cova, e não se achou nele lesão alguma, porque ele havia
confiado em seu Deus.
24. E o rei deu ordem, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado
Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres;
e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram
deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
25. Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que
moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
26. Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino
os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e
permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio
durará até o fim.
27. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra;
foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
28. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de
Ciro, o persa.
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Daniel 7
1. No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua
cama, um sonho e visões da sua cabeça. Então escreveu o sonho, e relatou a
suma das coisas.
2. Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, numa visão noturna, e eis
que os quatro ventos do céu agitavam o Mar Grande.
3. E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
4. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava,
foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em dois pés
como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem.
5. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso,
o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus
dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.
6. Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um
leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal
quatro cabeças; e foi-lhe dado domínio.
7. Depois disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o
quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes
de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava;
era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez
chifres.
8. Eu considerava os chifres, e eis que entre eles subiu outro chifre,
pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que
neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes
coisas.
9. Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião
de dias se assentou; o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua
cabeça como lã puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas dele
eram fogo ardente.
10. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o
serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o
juízo, e os livros foram abertos.
11. Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que o
chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo
destruído; pois ele foi entregue para ser queimado pelo fogo.
12. Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia
foi-lhes concedida prolongação de vida por um prazo e mais um tempo.
13. Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as
nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi
apresentado diante dele.
14. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os
povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno,
que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.
15. Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e
as visões da minha cabeça me perturbavam.
16. Cheguei-me a um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a verdadeira
significação de tudo isso. Ele me respondeu e me fez saber a interpretação
das coisas.
17. Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se
levantarão da terra.
18. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para
todo o sempre, sim, para todo o sempre.
19. Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal,
que era diferente de todos os outros, sobremodo terrível, com dentes de ferro e
unhas de bronze; o qual devorava, fazia em pedaços, e pisava aos pés o que
sobrava;
20. e também a respeito dos dez chifres que ele tinha na cabeça, e do
outro que subiu e diante do qual caíram três, isto é, daquele chifre que
tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e parecia ser mais robusto do
que os seus companheiros.
21. Enquanto eu olhava, eis que o mesmo chifre fazia guerra contra os
santos, e prevalecia contra eles,
22. até que veio o ancião de dias, e foi executado o juízo a favor dos
santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.
23. Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto reino na terra, o
qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, e a pisará aos
pés, e a fará em pedaços.
24. Quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis;
e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e
abaterá a três reis.
25. Proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do
Altíssimo; cuidará em mudar os tempos e a lei; os santos lhe serão entregues
na mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.
26. Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o domínio,
para o destruir e para o desfazer até o fim.
27. O reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino
eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.
28. Aqui é o fim do assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos
muito me perturbaram e o meu semblante se mudou; mas guardei estas coisas no
coração.
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Daniel 8
1. No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a
mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.
2. E na visão que tive, parecia-me que eu estava na cidadela de Susã,
na província de Elão; e conforme a visão, eu estava junto ao rio Ulai.
3. Levantei os olhos, e olhei, e eis que estava em pé diante do rio um
carneiro, que tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos; mas um era mais
alto do que o outro, e o mais alto subiu por último.
4. Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para
o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se
do seu poder; ele, porém, fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.
5. E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre a
face de toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre
notável entre os olhos.
6. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha
visto em pé diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força.
7. Vi-o chegar perto do carneiro; e, movido de cólera contra ele, o
feriu, e lhe quebrou os dois chifres; não havia força no carneiro para lhe
resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; também não havia
quem pudesse livrar o carneiro do seu poder.
8. O bode, pois, se engrandeceu sobremaneira; e estando ele forte, aquele
grande chifre foi quebrado, e no seu lugar outros quatro também notáveis
nasceram para os quatro ventos do céu.
9. Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o
sul, e para o oriente, e para a terra formosa;
10. e se engrandeceu até o exército do céu; e lançou por terra
algumas das estrelas desse exército, e as pisou.
11. Sim, ele se engrandeceu até o príncipe do exército; e lhe tirou o
holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.
12. E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto
contínuo, por causa da transgressão; lançou a verdade por terra; e fez o que
era do seu agrado, e prosperou.
13. Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que
falava: Até quando durará a visão relativamente ao holocausto contínuo e à
transgressão assoladora, e à entrega do santuário e do exército, para serem
pisados?
14. Ele me respondeu: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então
o santuário será purificado.
15. Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se
me apresentou como que uma semelhança de homem.
16. E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e
disse: Gabriel, faze que este homem entenda a visão.
17. Veio, pois, perto de onde eu estava; e vindo ele, fiquei amedrontado,
e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois
esta visão se refere ao tempo do fim.
18. Ora, enquanto ele falava comigo, caí num profundo sono, com o rosto
em terra; ele, porém, me tocou, e me pôs em pé.
19. e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último
tempo da ira; pois isso pertence ao determinado tempo do fim.
20. Aquele carneiro que viste, o qual tinha dois chifres, são estes os
reis da Média e da Pérsia.
21. Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha
entre os olhos é o primeiro rei.
22. O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa
que quatro reinos se levantarão da mesma nação, porém não com a força
dele.
23. Mas, no fim do reinado deles, quando os transgressores tiverem
chegado ao cúmulo, levantar-se-á um rei, feroz de semblante e que entende
enigmas.
24. Grande será o seu poder, mas não de si mesmo; e destruirá
terrivelmente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os
poderosos e o povo santo.
25. Pela sua sutileza fará prosperar o engano na sua mão; no seu
coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se
levantará contra o príncipe dos príncipes; mas será quebrado sem intervir
mão de homem.
26. E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira. Tu,
porém, cerra a visão, porque se refere a dias mui distantes.
27. E eu, Daniel, desmaiei, e estive enfermo alguns dias; então me
levantei e tratei dos negócios do rei. E espantei-me acerca da visão, pois
não havia quem a entendesse.
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Daniel 9
1. No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o
qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus.
2. no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o
número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar
as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com
oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
4. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ó Senhor, Deus
grande e tremendo, que guardas o pacto e a misericórdia para com os que te amam
e guardam os teus mandamentos;
5. pecamos e cometemos iniqüidades, procedemos impiamente, e fomos
rebeldes, apartando-nos dos teus preceitos e das tuas ordenanças.
6. Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome
falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos pais, como também a todo o
povo da terra.
7. A ti, ó Senhor, pertence a justiça, porém a nós a confusão de
rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a
todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras para onde os tens
lançado por causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
8. Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos
nossos príncipes, e a nossos pais, porque temos pecado contra ti.
9. Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão; pois nos
rebelamos contra ele,
10. e não temos obedecido à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos
nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
11. Sim, todo o Israel tem transgredido a tua lei, desviando-se, para
não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito
na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra
ele.
12. E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os
nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto
debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito a Jerusalém.
13. Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio;
apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus, para nos
convertermos das nossas iniqüidades, e para alcançarmos discernimento na tua
verdade.
14. por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; pois
justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; e nós não temos
obedecido à sua voz.
15. Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do
Egito com mão poderosa, e te adquiriste nome como hoje se vê, temos pecado,
temos procedido impiamente.
16. e Senhor, segundo todas as tuas justiças, apartem-se a tua ira e o
teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porquanto por causa
dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se
Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
17. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas
súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por
amor do Senhor.
18. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e
olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome;
pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas
justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
19. Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe
mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade
e o teu povo se chamam pelo teu nome.
20. Enquanto estava eu ainda falando e orando, e confessando o meu
pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a
face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
21. sim enquanto estava eu ainda falando na oração, o varão Gabriel,
que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e
tocou-me à hora da oblação da tarde.
22. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, vim agora para
fazer-te sábio e entendido.
23. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to
declarar, pois és muito amado; considera, pois, a palavra e entende a visão.
24. Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua
santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e
para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a
profecia, e para ungir o santíssimo.
25. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta
e duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos
angustiosos.
26. E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada
lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o
santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra;
estão determinadas assolações.
27. E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da
semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações
virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada
sobre o assolador.
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Daniel 10
1. No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a
Daniel, cujo nome se chama Beltessazar, uma palavra verdadeira concernente a um
grande conflito; e ele entendeu esta palavra, e teve entendimento da visão.
2. Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas
inteiras.
3. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha
boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas
completas.
4. No dia vinte e quatro do primeiro mês, estava eu à borda do grande
rio, o Tigre;
5. levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho e os
seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
6. o seu corpo era como o berilo, e o seu rosto como um relâmpago; os
seus olhos eram como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como o
brilho de bronze polido; e a voz das suas palavras como a voz duma multidão.
7. Ora, só eu, Daniel, vi aquela visão; pois os homens que estavam
comigo não a viram: não obstante, caiu sobre eles um grande temor, e fugiram
para se esconder.
8. Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão, e não ficou força
em mim; desfigurou-se a feição do meu rosto, e não retive força alguma.
9. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas
palavras, eu caí num profundo sono, com o rosto em terra.
10. E eis que uma mão me tocou, e fez com que me levantasse, tremendo,
sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
11. E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que te vou
dizer, e levanta-te sobre os teus pés; pois agora te sou enviado. Ao falar ele
comigo esta palavra, pus-me em pé tremendo.
12. Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em
que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim.
13. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias;
e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu o
deixei ali com os reis da Pérsia.
14. Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo
nos derradeiros dias; pois a visão se refere a dias ainda distantes.
15. Ao falar ele comigo estas palavras, abaixei o rosto para a terra e
emudeci.
16. E eis que um que tinha a semelhança dos filhos dos homens me tocou
os lábios; então abri a boca e falei, e disse àquele que estava em pé diante
de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dores, e não retenho
força alguma.
17. Como, pois, pode o servo do meu Senhor falar com o meu Senhor? pois,
quanto a mim, desde agora não resta força em mim, nem fôlego ficou em mim.
18. Então tornou a tocar-me um que tinha a semelhança dum homem, e me
consolou.
19. E disse: Não temas, homem muito amado; paz seja contigo; sê forte,
e tem bom ânimo. E quando ele falou comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala,
meu senhor, pois me fortaleceste.
20. Ainda disse ele: Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a pelejar
contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da
Grécia.
21. Contudo eu te declararei o que está gravado na escritura da verdade;
e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, senão Miguel, vosso
príncipe.
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Daniel 11
1. Eu, pois, no primeiro ano de Dario, medo, levantei-me para o animar e
fortalecer.
2. E agora te declararei a verdade: Eis que ainda se levantarão três
reis na Pérsia, e o quarto será muito mais rico do que todos eles; e tendo-se
tornado forte por meio das suas riquezas, agitará todos contra o reino da
Grécia.
3. Depois se levantará um rei poderoso, que reinará com grande
domínio, e fará o que lhe aprouver.
4. Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido
para os quatro ventos do céu; porém não para os seus descendentes, nem
tampouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado, e
passará a outros que não eles.
5. O rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e este
será mais forte do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio,
6. mas, ao cabo de anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá
ao rei do norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservara a força de
seu braço; nem subsistirá ele, nem o seu braço; mas será ela entregue, e bem
assim os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos.
7. Mas dum renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá
ao exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles e
prevalecerá.
8. Também os seus deuses, juntamente com as suas imagens de fundição,
com os seus vasos preciosos de prata e ouro, ele os levará cativos para o
Egito; e por alguns anos ele deixará de atacar ao rei do norte.
9. E entrará no reino do rei do sul, mas voltará para a sua terra.
10. Mas seus filhos intervirão, e reunirão uma multidão de grandes
forças; a qual avançará, e inundará, e passará para adiante; e, voltando,
levará a guerra até a sua fortaleza.
11. Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele,
contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e a multidão será
entregue na mão daquele.
12. E a multidão será levada, e o coração dele se exaltará; mas,
ainda que derrubará miríades, não prevalecerá.
13. Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior
do que a primeira; e ao cabo de tempos, isto é, de anos, avançará com grande
exército e abundantes provisões.
14. E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os
violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles
cairão.
15. Assim virá o rei do norte, e levantará baluartes, e tomará uma
cidade bem fortificada; e as forças do sul não poderão resistir, nem o seu
povo escolhido, pois não haverá força para resistir.
16. O que, porém, há de vir contra ele fará o que lhe aprouver, e
ninguém poderá resistir diante dele; ele se fincará na terra gloriosa,
tendo-a inteiramente sob seu poder.
17. E firmará o propósito de vir com toda a força do seu reino, e
entrará em acordo com ele, e lhe dará a filha de mulheres, para ele a
corromper; ela, porém, não subsistirá, nem será para ele.
18. Depois disso virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas
um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre
ele o seu opróbrio.
19. Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra,
mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
20. Então no seu lugar se levantará quem fará passar um exator de
tributo pela glória do reino; mas dentro de poucos dias será quebrantado, e
isto sem ira e sem batalha.
21. Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham
dado a majestade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com lisonja.
22. E as forças inundantes serão varridas de diante dele, e serão
quebrantadas, como também o príncipe do pacto.
23. E, depois de feita com ele a aliança, usará de engano; e subirá, e
se tornará forte com pouca gente.
24. Virá também em tempo de segurança sobre os lugares mais férteis
da província; e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais;
espalhará entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus
projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.
25. E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um
grande exército; e o rei do sul sairá à guerra com um grande e mui poderoso
exército, mas não subsistirá, pois maquinarão projetos contra ele.
26. E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; e o exército dele
será varrido por uma inundação, e cairão muitos traspassados.
27. Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal,
e assentados à mesma mesa falarão a mentira; esta, porém, não prosperará,
porque ainda virá o fim no tempo determinado.
28. Então tornará para a sua terra com muitos bens; e o seu coração
será contra o santo pacto; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua
terra.
29. No tempo determinado voltará, e entrará no sul; mas não sucederá
desta vez como na primeira.
30. Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão
tristeza; por isso voltará, e se indignará contra o santo pacto, e fará como
lhe aprouver. Voltará e atenderá aos que tiverem abandonado o santo pacto.
31. E estarão ao lado dele forças que profanarão o santuário, isto
é, a fortaleza, e tirarão o holocausto contínuo, estabelecendo a abominação
desoladora.
32. Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com lisonjas; mas o
povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.
33. Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia por muitos
dias cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo.
34. Mas, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; muitos,
porém, se ajuntarão a eles com lisonjas.
35. Alguns dos entendidos cairão para serem acrisolados, purificados e
embranquecidos, até o fim do tempo; pois isso ainda será para o tempo
determinado.
36. e o rei fará conforme lhe aprouver; exaltar-se-á, e se
engrandecerá sobre todo deus, e contra o Deus dos deuses falará coisas
espantosas; e será próspero, até que se cumpra a indignação: pois aquilo
que está determinado será feito.
37. E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao amado das
mulheres, nem a qualquer outro deus; pois sobre tudo se engrandecerá.
38. Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e a um deus a quem
seus pais não conheceram, ele o honrará com ouro e com prata, com pedras
preciosas e com coisas agradáveis.
39. E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio dum deus
estranho; aos que o reconhecerem, multiplicará a glória; e os fará reinar
sobre muitos, e lhes repartirá a terra por preço.
40. Ora, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele; e o rei do norte
virá como turbilhão contra ele, com carros e cavaleiros, e com muitos navios;
e entrará nos países, e os inundará, e passará para adiante.
41. Entrará na terra gloriosa, e dezenas de milhares cairão; mas da sua
mão escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.
42. E estenderá a sua mão contra os países; e a terra do Egito não
escapará.
43. Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as coisas
preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.
44. Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e ele sairá com
grande furor, para destruir e extirpar a muitos.
45. E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o glorioso
monte santo; contudo virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra.
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Daniel 12
1. Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta
a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca
houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo
livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.
2. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a
vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
3. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, como as estrelas
sempre e eternamente.
4. Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do
tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
5. Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um de
uma banda à beira do rio, e o outro da outra banda à beira do rio.
6. E perguntei ao homem vestido de linho, que estava por cima das águas
do rio: Quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas?
7. E ouvi o homem vestido de linho, que estava por cima das águas do
rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mão esquerda, e jurou por
aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, dois tempos, e metade
de um tempo. E quando tiverem acabado de despedaçar o poder do povo santo,
cumprir-se-ão todas estas coisas.
8. Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso perguntei: Senhor meu, qual
será o fim destas coisas?
9. Ele respondeu: Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão cerradas e
seladas até o tempo do fim.
10. Muitos se purificarão, e se embranquecerão, e serão acrisolados;
mas os ímpios procederão impiamente; e nenhum deles entenderá; mas os sábios
entenderão.
11. E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e
estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
12. Bem-aventurado é o que espera e chega aos mil trezentos e trinta e
cinco dias.
13. Tu, porém, vai-te, até que chegue o fim; pois descansarás, e
estarás no teu quinhão ao fim dos dias.
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