Nome: O nome deriva-se do mais importante
servo de Deus no período de transição entre os juízes e a monarquia, o profeta Samuel. O primeiro livro de Samuel registra a
passagem do período dos juízes para o dos reis. Esta mudança
gira principalmente em torno de três grandes nomes: Samuel, Saul
e Davi. Samuel foi o último dos juízes, Saul o primeiro rei,
Davi o mais importante.
O segundo livro de Samuel é a continuação histórica do
primeiro. Nesse livro se conta a história de Davi cuja vida e
realizações impressionaram profundamente o povo de Israel.
Tanto que mais tarde, nos tempos de angústia, quando precisavam
de um outro rei, eles pediam "um filho de Davi".
Desejavam um rei descendente de Davi,que fosse igual a ele.
Originalmente os dois livros eram um só e chamavam-se I Reis,
enquanto os livros de I e II Reis, também formavam um mesmo
volume conhecido como II Reis.
Esboço - I Samuel:
Samuel como juiz de Israel - caps. 1-7
Saul se torna rei - caps. 8-10
Os primeiros anos do reinado de Saul - caps.11-15
Saul e Davi - caps.16-30
A morte de Saul e seus filhos - cap.31
Capítulos: 31
Palavra chave: Reino
Versículo chave: I Sm 8.5
Autor: Desconhecido
Data: 1100-970 a.C. (aproximadamente)
Mensagens - I Samuel:
1) Deus adapta o seu reino às condições. Enquanto age assim,
faz com que seu plano avance constantemente. Permite que tenham
um rei,e aponta profetas que eram mais achegados a ele do que o
rei. O rei nunca foi um mediador entre Deus e os homens. Deus
escolheu falar aos homens através dos profetas. Os próprios
reis eram compelidos a ir aos profetas para receberem assistência
e orientação.
2) O homem coopera para o propósito crescente de Deus, e isso
é notado de duas maneiras.
a) O desempenho de Saul mostrou ao povo a tolice que era querer
um rei como as nações pagãs.
b) O desempenho de Davi mostrou como Deus poderia lhes dar um rei
ideal, dando-lhes uma melhor concepção do grande rei que estava
por vir. Tanto no fracasso quanto no sucesso dos homens, o propósito
de Deus é mantido.
3) Deus obtém as sua vitórias tanto através de pessoas
obedientes quanto desobedientes. Isso é notado nas carreiras de
Samuel, Saul e Davi. Notemos dois fatos relacionados a isto:
a) Não é a vitória de Deus que é determinada pela atitude do
homem perante ele, mas sim, o lugar do homem naquela vitória.
Samuel e Davi obedeceram e foram usados e salvos.Saul foi
desobediente e foi usado, porém destruído.
b) A atitude do homem perante Deus não afeta a sua vitória, mas
determina o destino do homem. As pessoas leais cooperam para a
vitória final e, assim, compartilham da exaltação daquela vitória;
as pessoas rebeldes também cooperam para a vitória final e, então,
compartilham da ira daquela vitória.
Escolha o capítulo que deseja estudar:
I
Samuel 1
1. Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim,
cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de
Zufe, efraimita.
2. Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra Penina. Penina
tinha filhos, porém Ana não os tinha.
3. De ano em ano este homem subia da sua cidade para adorar e sacrificar
ao Senhor dos exércitos em Siló. Assistiam ali os sacerdotes do Senhor, Hofni
e Finéias, os dois filhos de Eli.
4. No dia em que Elcana sacrificava, costumava dar quinhões a Penina,
sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas;
5. porém a Ana, embora a amasse, dava um só quinhão, porquanto o
Senhor lhe havia cerrado a madre.
6. Ora, a sua rival muito a provocava para irritá-la, porque o Senhor
lhe havia cerrado a madre.
7. E assim sucedia de ano em ano que, ao subirem à casa do Senhor,
Penina provocava a Ana; pelo que esta chorava e não comia.
8. Então Elcana, seu marido, lhe perguntou: Ana, por que choras? e
porque não comes? e por que está triste o teu coração? Não te sou eu melhor
de que dez filhos?
9. Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli,
sacerdote, estava sentado, numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor.
10. Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou muito,
11. e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva
não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos
os dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha.
12. Continuando ela a orar perante e Senhor, Eli observou a sua boca;
13. porquanto Ana falava no seu coração; só se moviam os seus lábios,
e não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada,
14. e lhe disse: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu
vinho.
15. Mas Ana respondeu: Não, Senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de
espírito; não bebi vinho nem bebida forte, porém derramei a minha alma
perante o Senhor.
16. Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da
multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora.
17. Então lhe respondeu Eli: Vai-te em paz; e o Deus de Israel te
conceda a petição que lhe fizeste.
18. Ao que disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a
mulher se foi o seu caminho, e comeu, e já não era triste o seu semblante.
19. Depois, levantando-se de madrugada, adoraram perante o Senhor e,
voltando, foram a sua casa em Ramá. Elcana conheceu a Ana, sua mulher, e o
Senhor se lembrou dela.
20. De modo que Ana concebeu e, no tempo devido, teve um filho, ao qual
chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.
21. Subiu, pois aquele homem, Elcana, com toda a sua casa, para oferecer
ao Senhor o sacrifício anual e cumprir o seu voto.
22. Ana, porém, não subiu, pois disse a seu marido: Quando o menino for
desmamado, então e levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique
para sempre.
23. E Elcana, seu marido, lhe disse: faze o que bem te parecer; fica até
que o desmames; tão-somente confirme o Senhor a sua palavra. Assim ficou a
mulher, e amamentou seu filho, até que o desmamou.
24. Depois de o ter desmamado, ela o tomou consigo, com um touro de três
anos, uma efa de farinha e um odre de vinho, e o levou à casa do Senhor, em
Siló; e era o menino ainda muito criança.
25. Então degolaram o touro, e trouxeram o menino a Eli;
26. e disse ela: Ah, meu Senhor! tão certamente como vive a tua alma,
meu Senhor, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, orando ao Senhor.
27. Por este menino orava eu, e o Senhor atendeu a petição que eu lhe
fiz.
28. Por isso eu também o entreguei ao Senhor; por todos os dias que
viver, ao Senhor está entregue. E adoraram ali ao Senhor.
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I Samuel 2
1. Então Ana orou, dizendo: O meu coração exulta no Senhor; o meu
poder está exaltado no Senhor; a minha boca dilata-se contra os meus inimigos,
porquanto me regozijo na tua salvação.
2. Ninguém há santo como o Senhor; não há outro fora de ti; não há
rocha como a nosso Deus.
3. Não faleis mais palavras tão altivas, nem saia da vossa boca a
arrogância; porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por ele são pesadas as
ações.
4. Os arcos dos fortes estão quebrados, e os fracos são cingidos de
força.
5. Os que eram fartos se alugam por pão, e deixam de ter fome os que
eram famintos; até a estéril teve sete filhos, e a que tinha muitos filhos
enfraquece.
6. O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer ao Seol e faz subir
dali.
7. O Senhor empobrece e enriquece; abate e também exalta.
8. Levanta do pó o pobre, do monturo eleva o necessitado, para os fazer
sentar entre os príncipes, para os fazer herdar um trono de glória; porque do
Senhor são as colunas da terra, sobre elas pôs ele o mundo.
9. Ele guardará os pés dos seus santos, porém os ímpios ficarão
mudos nas trevas, porque o homem não prevalecerá pela força.
10. Os que contendem com o Senhor serão quebrantados; desde os céus
trovejará contra eles. O Senhor julgará as extremidades da terra; dará força
ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.
11. Então Elcana se retirou a Ramá, à sua casa. O menino, porém,
ficou servindo ao Senhor perante e sacerdote Eli.
12. Ora, os filhos de Eli eram homens ímpios; não conheciam ao Senhor.
13. Porquanto o costume desses sacerdotes para com o povo era que,
oferecendo alguém um sacrifício, e estando-se a cozer a carne, vinha o servo
do sacerdote, tendo na mão um garfo de três dentes,
14. e o metia na panela, ou no tacho, ou no caldeirão, ou na marmita; e
tudo quanto a garfo tirava, o sacerdote tomava para si. Assim faziam a todos os
de Israel que chegavam ali em Siló.
15. Também, antes de queimarem a gordura, vinha o servo do sacerdote e
dizia ao homem que sacrificava: Dá carne de assar para o sacerdote; porque não
receberá de ti carne cozida, mas crua.
16. se lhe respondia o homem: Sem dúvida, logo há de ser queimada a
gordura e depois toma quanto desejar a tua alma; então ele lhe dizia: Não hás
de dá-la agora; se não, à força a tomarei.
17. Era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor,
porquanto os homens vieram a desprezar a oferta do Senhor.
18. Samuel, porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino,
vestido de um éfode de linho.
19. E sua mãe lhe fazia de ano em ano uma túnica pequena, e lha trazia
quando com seu marido subia para oferecer o sacrifício anual.
20. Então Eli abençoava a Elcana e a sua mulher, e dizia: O Senhor te
dê desta mulher descendência, pelo empréstimo que fez ao Senhor. E voltavam
para o seu lugar.
21. Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e teve três filhos e
duas filhas. Entrementes, o menino Samuel crescia diante do Senhor.
22. Eli era já muito velho; e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a
todo o Israel, e como se deitavam com as mulheres que ministravam à porta da
tenda da revelação.
23. E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? pois ouço de todo este
povo os vossos malefícios.
24. Não, filhos meus, não é boa fama esta que ouço. Fazeis
transgredir o povo do Senhor.
25. Se um homem pecar contra outro, Deus o julgará; mas se um homem
pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Todavia eles não ouviram a
voz de seu pai, porque o Senhor os queria destruir.
26. E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graça diante do
Senhor, como também diante dos homens.
27. Veio um homem de Deus a Eli, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Não me
revelei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, sujeitos
à casa de Faraó?
28. E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu
sacerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso, e para trazer o
éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos
filhos de Israel.
29. Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se
fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de
modo a vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo Israel?
30. Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade eu tinha dito que a
tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente. Mas agora o
Senhor diz: Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos que me honram, mas os
que me desprezam serão desprezados.
31. Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de
teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa.
32. E tu, na angústia, olharás com inveja toda a prosperidade que hei
de trazer sobre Israel; e não haverá por todos os dias ancião algum em tua
casa.
33. O homem da tua linhagem a quem eu não desarraigar do meu altar será
para consumir-te os olhos e para entristecer-te a alma; e todos es descendentes
da tua casa morrerão pela espada dos homens.
34. E te será por sinal o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e a
Finéias; ambos morrerão no mesmo dia.
35. E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que fará segundo o que
está no meu coração e na minha mente. Edificar-lhe-ei uma casa duradoura, e
ele andará sempre diante de meu ungido.
36. Também todo aquele que ficar de resto da tua casa virá a
inclinar-se diante dele por uma moeda de prata e por um pedaço de pão, e
dirá: Rogo-te que me admitas a algum cargo sacerdotal, para que possa comer um
bocado de pão.
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I Samuel 3
1. Entretanto, o menino Samuel servia ao Senhor perante Eli. E a palavra
de Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram freqüentes.
2. Sucedeu naquele tempo que, estando Eli deitado no seu lugar (ora, os
seus olhos começavam já a escurecer, de modo que não podia ver),
3. e ainda não se havendo apagado a lâmpada de Deus, e estando Samuel
também deitado no templo do Senhor, onde estava a arca de Deus,
4. o Senhor chamou: Samuel! Samuel! Ele respondeu: Eis-me aqui.
5. E correndo a Eli, disse-lhe: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas
ele disse: Eu não te chamei; torna a deitar-te. E ele foi e se deitou.
6. Tornou o Senhor a chamar: Samuel! E Samuel se levantou, foi a Eli e
disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Eu não te chamei,
filho meu; torna a deitar-te.
7. Ora, Samuel ainda não conhecia ao Senhor, e a palavra de Senhor ainda
não lhe tinha sido revelada.
8. O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel pela terceira vez. E ele,
levantando-se, foi a Eli e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então
entendeu Eli que o Senhor chamava o menino.
9. Pelo que Eli disse a Samuel: Vai deitar-te, e há de ser que, se te
chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Foi, pois, Samuel e
deitou-se no seu lugar.
10. Depois veio o Senhor, parou e chamou como das outras vezes: Samuel!
Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.
11. Então disse o Senhor a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em
Israel, a qual fará tinir ambos os ouvidos a todo o que a ouvir.
12. Naquele mesmo dia cumprirei contra Eli, de princípio a fim, tudo
quanto tenho falado a respeito da sua casa.
13. Porque já lhe fiz: saber que hei de julgar a sua casa para sempre,
por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois os seus filhos blasfemavam a
Deus, e ele não os repreendeu.
14. Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada a sua
iniqüidade, nem com sacrifícios, nem com ofertas.
15. Samuel ficou deitado até pela manhã, e então abriu as portas da
casa do Senhor; Samuel, porém, temia relatar essa visão a Eli.
16. Mas chamou Eli a Samuel, e disse: Samuel, meu filho! Ao que este
respondeu: Eis-me aqui.
17. Eli perguntou-lhe: Que te falou o Senhor? peço-te que não mo
encubras; assim Deus te faça, e outro tanto, se me encobrires alguma coisa de
tudo o que te falou.
18. Samuel, pois, relatou-lhe tudo, e nada lhe encobriu. Então disse
Eli: Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos.
19. Samuel crescia, e o Senhor era com ele e não deixou nenhuma de todas
as suas palavras cair em terra.
20. E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava
confirmado como profeta do Senhor.
21. E voltou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se
manifestava a Samuel em Siló pela sua palavra. E chegava a palavra de Samuel a
todo o Israel.
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I Samuel 4
1. Ora, saiu Israel à batalha contra os filisteus, e acampou-se perto de
Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque.
2. E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha contra Israel; e,
travada a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, que mataram no campo
cerca de quatro mil homens do exército.
3. Quando o povo voltou ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por
que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos para nós de Siló a
arca do pacto do Senhor, para que ela venha para o meio de nós, e nos livre da
mão de nossos inimigos.
4. Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca do pacto do
Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins; e os dois filhos de
Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca do pacto de Deus.
5. Quando a arca do pacto do Senhor chegou ao arraial, prorrompeu todo o
Israel em grandes gritos, de modo que a terra vibrou.
6. E os filisteus, ouvindo o som da gritaria, disseram: Que quer dizer
esta grande vozearia no arraial dos hebreus? Quando souberam que a arca do
Senhor havia chegado ao arraial,
7. os filisteus se atemorizaram; e diziam: Os deuses vieram ao arraial.
Diziam mais: Ai de nós! porque nunca antes sucedeu tal coisa.
8. Ai de nós! quem nos livrará da mão destes deuses possantes? Estes
são os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto.
9. Esforçai-vos, e portai-vos varonilmente, ó filisteus, para que
porventura não venhais a ser escravos dos hebreus, como eles o foram vossos;
portai-vos varonilmente e pelejai.
10. Então pelejaram os filisteus, e Israel foi derrotado, fugindo cada
um para a sua tenda; e houve mui grande matança, pois caíram de Israel trinta
mil homens de infantaria.
11. Também foi tomada a arca de Deus, e os dois filhos de Eli, Hofni e
Finéias, foram mortos.
12. Então um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha chegou no
mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça.
13. Ao chegar ele, estava Eli sentado numa cadeira ao pé do caminho
vigiando, porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de Deus. E quando
aquele homem chegou e anunciou isto na cidade, a cidade toda prorrompeu em
lamentações.
14. E Eli, ouvindo a voz do lamento, perguntou: Que quer dizer este
alvoroço? Então o homem, apressando-se, chegou e o anunciou a Eli.
15. Ora, Eli tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam cegado, de
modo que já não podia ver.
16. E disse aquele homem a Eli: Estou vindo do campo de batalha, donde
fugi hoje mesmo. Perguntou Eli: Que foi que sucedeu, meu filho?
17. Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de
diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também
teus dois filhos, Hofni e Finéias, são mortos, e a arca de Deus é tomada.
18. Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para
trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto era
homem velho e pesado. Ele tinha julgado a Israel quarenta anos.
19. E estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida e próxima ao
parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu
sogro e seu marido eram mortos, encurvou-se e deu à luz, porquanto as dores lhe
sobrevieram.
20. E, na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com
ela: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem deu
atenção a isto.
21. E chamou ao menino de Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória!
Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu sogro e de seu marido.
22. E disse: De Israel se foi a glória, pois é tomada a arca de Deus.
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I Samuel 5
1. Os filisteus, pois, tomaram a arca de Deus, e a levaram de Ebenézer a
Asdode.
2. Então os filisteus tomaram a arca de Deus e a introduziram na casa de
Dagom, e a puseram junto a Dagom.
3. Levantando-se, porém, de madrugada no dia seguinte os de Asdode, eis
que Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e tomaram
a Dagom, e tornaram a pô-lo no seu lugar.
4. E, levantando-se eles de madrugada no dia seguinte, eis que Dagom
estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a cabeça de
Dagom e ambas as suas mãos estavam cortadas sobre o limiar; somente o tronco
ficou a Dagom.
5. Pelo que nem os sacerdotes de Dagom, nem nenhum de todos os que entram
na casa de Dagom, pisam o limiar de Dagom em Asdode, até o dia de hoje.
6. Entretanto a mão do Senhor se agravou sobre os de Asdode, e os
assolou, e os feriu com tumores, a Asdode e aos seus termos.
7. O que tendo visto os homens de Asdode, disseram: Não fique conosco a
arca do Deus de Israel, pois a sua mão é dura sobre nós, e sobre Dagom, nosso
deus.
8. Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si todos os chefes dos
filisteus, e disseram: Que faremos nós da arca do Deus de Israel? Responderam:
Seja levada para Gate. Assim levaram para lá a arca do Deus de Israel.
9. E desde que a levaram para lá, a mão do Senhor veio contra aquela
cidade, causando grande pânico; pois feriu aos homens daquela cidade, desde o
pequeno até o grande, e nasceram-lhes tumores.
10. Então enviaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu porém que, vindo a
arca de Deus a Ecrom, os de Ecrom exclamaram, dizendo: Transportaram para nós a
arca de Deus de Israel, para nos matar a nós e ao nosso povo.
11. Enviaram, pois, mensageiros, e congregaram a todos os chefes dos
filisteus, e disseram: Enviai daqui a arca do Deus de Israel, e volte ela para o
seu lugar, para que não nos mate a nós e ao nosso povo. Porque havia pânico
mortal em toda a cidade, e a mão de Deus muito se agravara sobre ela.
12. Pois os homens que não morriam eram feridos com tumores; de modo que
o clamor da cidade subia até o céu.
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I Samuel 6
1. A arca do Senhor ficou na terra dos filisteus sete meses.
2. Então os filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhadores para
dizer-lhes: Que faremos nós da arca do Senhor? Fazei-nos saber como havemos de
enviá-la para o seu lugar.
3. Responderam eles: Se enviardes a arca do Deus de Israel, não a
envieis vazia, porém sem falta enviareis a ele uma oferta pela culpa; então
sereis curados, e se vos fará saber por que a sua mão não se retira de vós.
4. Então perguntaram: Qual é a oferta pela culpa que lhe havemos de
enviar? Eles responderam: Segundo o número dos chefes dos filisteus, cinco
tumores de ouro e cinco ratos de ouro, porque a praga é uma e a mesma sobre
todos os vossos príncipes.
5. Fazei, pois, imagens, dos vossos tumores, e dos ratos que andam
destruindo a terra, e dai glória ao Deus de Israel; porventura aliviará o peso
da sua mão de sobre vós, e de sobre vosso deus, e de sobre vossa terra:
6. Por que, pois, endureceríeis os vossos corações, como os egípcios
e Faraó endureceram os seus corações? Porventura depois de os haver Deus
castigado, não deixaram ir o povo, e este não se foi?
7. Agora, pois, fazei um carro novo, tomai duas vacas que estejam
criando, sobre as quais não tenha vindo o jugo, atai-as ao carro e levai os
seus bezerros de após elas para casa.
8. Tomai a arca de Senhor, e ponde-a sobre o carro; também metei num
cofre, ao seu lado, as jóias de ouro que haveis de oferecer ao Senhor como
ofertas pela culpa; e assim a enviareis, para que se vá.
9. Reparai então: se ela subir pelo caminho do seu termo a Bete-Semes,
foi ele quem nos fez este grande mal; mas, se não, saberemos que não foi a sua
mão que nos feriu, e que isto nos sucedeu por acaso.
10. Assim, pois, fizeram aqueles homens: tomaram duas vacas que criavam,
ataram-nas ao carro, e encerraram os bezerros em casa;
11. também puseram a arca do Senhor sobre o carro, bem como e cofre com
os ratos de ouro e com as imagens dos seus tumores.
12. Então as vacas foram caminhando diretamente pelo caminho de
Bete-Semes, seguindo a estrada, andando e berrando, sem se desviarem nem para a
direita nem para a esquerda; e os chefes dos filisteus foram seguindo-as até o
termo de Bete-Semes.
13. Ora, andavam os de Bete-Semes fazendo a sega do trigo no vale; e,
levantando os olhos, viram a arca e, vendo-a, se alegraram.
14. Tendo chegado o carro ao campo de Josué, o bete-semita, parou ali,
onde havia uma grande pedra. Fenderam a madeira do carro, e ofereceram as vacas
ao Senhor em holocausto.
15. Nisso os levitas desceram a arca do Senhor, como também o cofre que
estava junto a ela, em que se achavam as jóias de ouro, e puseram-nos sobre
aquela grande pedra; e no mesmo dia os homens de Bete-Semes ofereceram
holocaustos e sacrifícios ao Senhor.
16. E os cinco chefes dos filisteus, tendo visto aquilo, voltaram para
Ecrom no mesmo dia.
17. Estes, pois, são os tumores de ouro que os filisteus enviaram ao
Senhor como oferta pela culpa: por Asdode um, por Gaza outro, por Asquelom
outro, por Gate outro, por Ecrom outro.
18. Como também os ratos de ouro, segundo o número de todas as cidades
dos filisteus, pertencentes aos cinco chefes, desde as cidades fortificadas até
as aldeias campestres. Disso é testemunha a grande pedra sobre a qual puseram a
arca do Senhor, pedra que ainda está até o dia de hoje no campo de Josué, o
bete-semita.
19. Ora, o Senhor feriu os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para
dentro da arca do Senhor; feriu do povo cinqüenta mil e setenta homens; então
o povo se entristeceu, porque o Senhor o ferira com tão grande morticínio.
20. Disseram os homens de Bete-Semes: Quem poderia subsistir perante o
Senhor, este Deus santo? e para quem subirá de nós?
21. Enviaram, pois, mensageiros aos habitantes de Quiriate-Jearim, para
lhes dizerem: Os filisteus remeteram a arca do Senhor; descei, e fazei-a subir
para vós.
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I Samuel 7
1. Vieram, pois, os homens de Quiriate-Jearim, tomaram a arca do Senhor e
a levaram à casa de Abinadabe, no outeiro; e consagraram a Eleazar, filho dele,
para que guardasse a arca da Senhor.
2. E desde e dia em que a arca ficou em Queriate-Jearim passou-se muito
tempo, chegando até vinte anos; então toda a casa de Israel suspirou pelo
Senhor.
3. Samuel, pois, falou a toda a casa de Israel, dizendo: Se de todo o
vosso coração voltais para o Senhor, lançai do meio de vós os deuses
estranhos e as astarotes, preparai o vosso coração para com o Senhor, e servi
a ele só; e ele vos livrará da mão dos filisteus.
4. Os filhos de Israel, pois, lançaram do meio deles os baalins e as
astarotes, e serviram ao Senhor.
5. Disse mais Samuel: Congregai a todo o Israel em Mizpá, e orarei por
vós ao Senhor.
6. Congregaram-se, pois, em Mizpá, tiraram água e a derramaram perante
o Senhor; jejuaram aquele dia, e ali disseram: Pecamos contra o Senhor. E Samuel
julgava os filhos de Israel em Mizpá.
7. Quando os filisteus ouviram que os filhos de Israel estavam
congregados em Mizpá, subiram os chefes dos filisteus contra Israel. Ao saberem
disto os filhos de Israel, temeram por causa dos filisteus.
8. Pelo que disseram a Samuel: Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus
por nós, para que nos livre da mão dos filisteus.
9. Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e o ofereceu inteiro em
holocausto ao Senhor; e Samuel clamou ao Senhor por Israel, e o Senhor o
atendeu.
10. Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para
pelejar contra Israel; mas o Senhor trovejou naquele dia com grande estrondo
sobre os filisteus, e os aterrou; de modo que foram derrotados diante dos filhos
de Israel.
11. Os homens de Israel, saindo de Mizpá, perseguiram os filisteus e os
feriram até abaixo de Bete-Car.
12. Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe
chamou Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.
13. Assim os filisteus foram subjugados, e não mais vieram aos termos de
Israel, porquanto a mão do Senhor foi contra os filisteus todos os dias de
Samuel.
14. E as cidades que os filisteus tinham tomado a Israel lhe foram
restituídas, desde Ecrom até Gate, cujos termos também Israel arrebatou da
mão dos filisteus. E havia paz entre Israel e os amorreus.
15. Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida.
16. De ano em ano rodeava por Betel, Gilgal e Mizpá, julgando a Israel
em todos esses lugares.
17. Depois voltava a Ramá, onde estava a sua casa, e ali julgava a
Israel; e edificou ali um altar ao Senhor.
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I Samuel 8
1. Ora, havendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes
sobre Israel.
2. O seu filho primogênito chamava-se Joel, e o segundo Abias; e
julgavam em Berseba.
3. Seus filhos, porém, não andaram nos caminhos dele, mas desviaram-se
após o lucro e, recebendo peitas, perverteram a justiça.
4. Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram ter com
Samuel, a Ramá,
5. e lhe disseram: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam nos
teus caminhos. Constitui-nos, pois, agora um rei para nos julgar, como o têm
todas as nações.
6. Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei
para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor.
7. Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem,
pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre
eles.
8. Conforme todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do
Egito até o dia de hoje, deixando-me a mim e servindo a outros deuses, assim
também fazem a ti.
9. Agora, pois, ouve a sua voz, contudo lhes protestarás solenemente, e
lhes declararás qual será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre
eles.
10. Referiu, pois, Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe
havia pedido um rei,
11. e disse: Este será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre
vós: tomará os vossos filhos, e os porá sobre os seus carros, e para serem
seus cavaleiros, e para correrem adiante dos seus carros;
12. e os porá por chefes de mil e chefes de cinqüenta, para lavrarem os
seus campos, fazerem as suas colheitas e fabricarem as suas armas de guerra e os
petrechos de seus carros.
13. Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.
14. Tomará o melhor das vossas terras, das vossas vinhas e dos vossos
elivais, e o dará aos seus servos.
15. Tomará e dízimo das vossas sementes e das vossas vinhas, para dar
aos seus oficiais e aos seus servos.
16. Também os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores
mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.
17. Tomará o dízimo do vosso rebanho; e vós lhe servireis de escravos.
18. Então naquele dia clamareis por causa de vosso rei, que vós mesmos
houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvira.
19. O povo, porém, não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não,
mas haverá sobre nós um rei,
20. para que nós também sejamos como todas as outras nações, e para
que o nosso rei nos julgue, e saia adiante de nós, e peleje as nossas batalhas.
21. Ouviu, pois, Samuel todas as palavras do povo, e as repetiu aos
ouvidos do Senhor.
22. Disse o Senhor a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes
rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um para a sua cidade.
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I Samuel 9
1. Ora, havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel,
filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, filho dum benjamita; era
varão forte e valoroso.
2. Tinha este um filho, chamado Saul, jovem e tão belo que entre os
filhos de Israel não havia outro homem mais belo de que ele; desde os ombros
para cima sobressaía em altura a todo o povo.
3. Tinham-se perdido as jumentas de Quis, pai de Saul; pelo que disse
Quis a Saul, seu filho: Toma agora contigo um dos moços, levanta-te e vai
procurar as jumentas.
4. Passaram, pois, pela região montanhosa de Efraim, como também pela
terra e Salisa, mas não as acharam; depois passaram pela terra de Saalim,
porém tampouco estavam ali; passando ainda pela terra de Benjamim, não as
acharam.
5. Vindo eles, então, à terra de Zufe, Saul disse para o moço que ia
com ele: Vem! Voltemos, para que não suceda que meu pai deixe de inquietar-se
pelas jumentas e se aflija por causa de nós.
6. Mas ele lhe disse: Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e ele é
muito considerado; tudo quanto diz, sucede infalivelmente. Vamos, pois, até
lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir.
7. Então Saul disse ao seu moço: Porém se lá formos, que levaremos ao
homem? Pois o pão de nossos alforjes se acabou, e presente nenhum temos para
levar ao homem de Deus; que temos?
8. O moço tornou a responder a Saul, e disse: Eis que ainda tenho em
mão um quarto dum siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos
mostre o caminho.
9. (Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim:
Vinde, vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, outrora se chamava vidente.)
10. Então disse Saul ao moço: Dizes bem; vem, pois, vamos! E foram-se
à cidade onde estava e homem de Deus.
11. Quando eles iam subindo à cidade, encontraram umas moças que saíam
para tirar água; e perguntaram-lhes: Está aqui o vidente?
12. Ao que elas lhes responderam: Sim, eis aí o tens diante de ti;
apressa-te, porque hoje veio à cidade, porquanto o povo tem hoje sacrifício no
alto.
13. Entrando vós na cidade, logo o achareis, antes que ele suba ao alto
para comer; pois o povo não comerá até que ele venha, porque ele é o que
abençoa a sacrifício, e depois os convidados comem. Subi agora, porque a esta
hora o achareis.
14. Subiram, pois, à cidade; e, ao entrarem, eis que Samuel os
encontrou, quando saía para subir ao alto.
15. Ora, o Senhor revelara isto aos ouvidos de Samuel, um dia antes de
Saul chegar, dizendo:
16. Amanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim, o
qual ungirás por príncipe sobre o meu povo de Israel; e ele livrará o meu
povo da mão dos filisteus; pois olhei para o meu povo, porque o seu clamor
chegou a mim.
17. E quando Samuel viu a Saul, o Senhor e disse: Eis aqui o homem de
quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo.
18. Então Saul se chegou a Samuel na porta, e disse: Mostra-me,
peço-te, onde é a casa do vidente.
19. Respondeu Samuel a Saul: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao
alto, porque comereis hoje comigo; pela manhã te despedirei, e tudo quanto
está no teu coração to declararei.
20. Também quanto às jumentas que há três dias se te perderam, não
te preocupes com elas, porque já foram achadas. Mas para quem é tudo o que é
desejável em Israel? porventura não é para ti, e para toda a casa de teu pai?
21. Então respondeu Saul: Acaso não sou eu benjamita, da menor das
tribos de Israel? E não é a minha família a menor de todas as famílias da
tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas desta maneira?
22. Samuel, porém, tomando a Saul e ao seu moço, levou-os à câmara, e
deu-lhes o primeiro lugar entre os convidados, que eram cerca de trinta homens.
23. Depois disse Samuel ao cozinheiro: Traze a porção que te dei, da
qual te disse: põe-na à parte contigo.
24. Levantou, pois, o cozinheiro a espádua, com o que havia nela, e
pô-la diante de Saul. E disse Samuel: Eis que o que foi reservado está diante
de ti. Come; porque te foi guardado para esta ocasião, para que o comesses com
os convidados. Assim comeu Saul naquele dia com Samuel.
25. Então desceram do alto para a cidade, e falou Samuel com Saul, no
eirado.
26. E se levantaram de madrugada, quase ao subir da alva, pois Samuel
chamou a Saul, que estava no eirado, dizendo: Levanta-te para eu te despedir.
Levantou-se, pois, Saul, e sairam ambos, ele e Samuel.
27. Quando desciam para a extremidade da cidade, Samuel disse a Saul:
Dize ao moço que passe adiante de nós (e ele passou); tu, porém, espera aqui,
e te farei ouvir a palavra de Deus.
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I Samuel 10
1. Então Samuel tomou um vaso de azeite, e o derramou sobre a cabeça de
Saul, e o beijou, e disse: Porventura não te ungiu o Senhor para ser príncipe
sobre a sua herança?
2. Quando te apartares hoje de mim, encontrarás dois homens junto ao
sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão:
Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou de
pensar nas jumentas, e anda aflito por causa de ti, dizendo: Que farei eu por
meu filho?
3. Então dali passarás mais adiante, e chegarás ao carvalho de Tabor;
ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus, a Betel, levando um
três cabritos, outro três formas de pão, e o outro um odre de vinho.
4. Eles te saudarão, e te darão dois pães, que receberás das mãos
deles.
5. Depois chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos
filisteus; ao entrares ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo
do alto, precedido de saltérios, tambores, flautas e harpas, e eles
profetizando.
6. E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles,
e serás transformado em outro homem.
7. Quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão para fazer,
pois Deus é contigo.
8. Tu, porém, descerás adiante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a
ter contigo, para oferecer holocaustos e sacrifícios de ofertas pacíficas.
Esperarás sete dias, até que eu vá ter contigo e te declare o que hás de
fazer.
9. Ao virar Saul as costas para se apartar de Samuel, Deus lhe mudou o
coração em outro; e todos esses sinais aconteceram naquele mesmo dia.
10. Quando eles iam chegando ao outeiro, eis que um grupo de profetas
lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou de Saul, e ele
profetizou no meio deles.
11. Todos os que o tinham conhecido antes, ao verem que ele profetizava
com os profetas, diziam uns aos outros: Que é que sucedeu ao filho de Quis?
Está também Saul entre os profetas?
12. Então um homem dali respondeu, e disse: Pois quem é o pai deles?
Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entre os profetas?
13. Tendo ele acabado de profetizar, foi ao alto.
14. Depois o tio de Saul perguntou-lhe, a ele e ao seu moço: Aonde
fostes?: Respondeu ele: Procurar as jumentas; e, não as tendo encontrado, fomos
ter com Samuel.
15. Disse mais o tio de Saul: Declara-me, peço-te, o que vos disse
Samuel.
16. Ao que respondeu Saul a seu tio: Declarou-nos, seguramente, que as
jumentas tinham sido encontradas. Mas quanto ao assunto do reino, de que Samuel
falara, nada lhe declarou.
17. Então Samuel convocou o povo ao Senhor em Mizpá;
18. e disse aos filhos de Israel: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu
fiz subir a Israel do Egito, e vos livrei da mão dos egípcios e da mão de
todos os reinos que vos oprimiam.
19. Mas vós hoje rejeitastes a vosso Deus, àquele que vos livrou de
todos os vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós.
Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, segundo as vossas tribos e segundo os
vossos milhares.
20. Tendo, pois, Samuel feito chegar todas as tribos de Israel, foi
tomada por sorte a tribo de Benjamim.
21. E, quando fez chegar a tribo de Benjamim segundo as suas famílias,
foi tomada a família de Matri, e dela foi tomado Saul, filho de Quis; e o
procuraram, mas não foi encontrado.
22. Pelo que tornaram a perguntar ao Senhor: Não veio o homem ainda para
cá? E respondeu o Senhor: Eis que se escondeu por entre a bagagem:
23. Correram, pois, e o trouxeram dali; e estando ele no meio do povo,
sobressaía em altura a todo o povo desde os ombros para cima.
24. Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor
escolheu: Não há entre o povo nenhum semelhante a ele. Então todo o povo o
aclamou, dizendo: Viva o rei;
25. Também declarou Samuel ao povo a lei do reino, e a escreveu num
livro, e pô-lo perante o Senhor. Então Samuel despediu todo o povo, cada um
para sua casa.
26. E foi também Saul para sua casa em Gibeá; e foram com ele homens de
valor, aqueles cujo coração Deus tocara.
27. Mas alguns homens ímpios disseram: Como pode este homem nos livrar?
E o desprezaram, e não lhe trouxeram presentes; porém ele se fez como surdo.
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I Samuel 11
1. Então subiu Naás, o amonita, e sitiou a Jabes-Gileade. E disseram
todos os homens de Jabes a Naás: Faze aliança conosco, e te serviremos.
2. Respondeu-lhes, porém, Naás, o amonita: Com esta condição farei
aliança convosco: que a todos vos arranque o olho direito; assim porei
opróbrio sobre todo o Israel.
3. Ao que os anciãos de Jabes lhe disseram: Concede-nos sete dias, para
que enviemos mensageiros por todo o território de Israel; e, não havendo
ninguém que nos livre, nos entregaremos a ti.
4. Então, vindo os mensageiros a Gibeá de Saul, falaram estas palavras
aos ouvidos do povo. Pelo que todo o povo levantou a voz e chorou.
5. E eis que Saul vinha do campo, atrás dos bois; e disse Saul: Que tem
o povo, que chega? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabes.
6. Então o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ao ouvir ele estas
palavras; e acendeu-se sobremaneira a sua ira.
7. Tomou ele uma junta de bois, cortou-os em pedaços, e os enviou por
todo o território de Israel por mãos de mensageiros, dizendo: Qualquer que
não sair após Saul e após Samuel, assim se fará aos seus bois. Então caiu o
temor do Senhor sobre o povo, e acudiram como um só homem.
8. Saul passou-lhes revista em Bezeque; e havia dos homens de Israel
trezentos mil, e dos homens de Judá trinta mil.
9. Então disseram aos mensageiros que tinham vindo: Assim direis aos
homens de Jabes-Gileade: Amanhã, em aquentando o sol, vos virá livramento.
Vindo, pois, os mensageiros, anunciaram-no aos homens de Jabes, os quais se
alegraram.
10. E os homens de Jabes disseram aos amonitas: Amanhã nos entregaremos
a vós; então nos fareis conforme tudo o que bem vos parecer.
11. Ao outro dia Saul dividiu o povo em três companhias; e pela vigília
da manhã vieram ao meio do arraial, e feriram aos amonitas até que o dia
aquentou; e sucedeu que os restantes se espalharam de modo a não ficarem dois
juntos.
12. Então disse o povo a Samuel: Quais são os que diziam: Reinará
porventura Saul sobre nós? Dai cá esses homens, para que os matemos.
13. Saul, porém, disse: Hoje não se há de matar ninguém, porque neste
dia o senhor operou um livramento em Israel:
14. Depois disse Samuel ao povo: Vinde, vamos a Gilgal, e renovemos ali o
reino.
15. Foram, pois, para Gilgal, onde constituíram rei a Saul perante o
Senhor, e imolaram sacrifícios de ofertas pacíficas perante o Senhor; e ali
Saul se alegrou muito com todos os homens de Israel.
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I Samuel 12
1. Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que vos dei ouvidos em tudo
quanto me dissestes, e constituí sobre vós um rei.
2. Agora, eis que o rei vai adiante de vós; quanto a mim, já sou velho
e encanecido, e meus filhos estão convosco: eu tenho andado adiante de vós
desde a minha mocidade até o dia de hoje.
3. Eis-me aqui! testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu
ungido. De quem tomei o boi? ou de quem tomei o jumento? ou a quem defraudei? ou
a quem tenho oprimido? ou da mão de quem tenho recebido peita para encobrir com
ela os meus olhos? E eu vo-lo restituirei.
4. Responderam eles: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem
tomaste coisa alguma da mão de ninguém.
5. Ele lhes disse: O Senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é
hoje testemunha de que nada tendes achado na minha mão. Ao que respondeu o
povo: Ele é testemunha.
6. Então disse Samuel ao povo: O Senhor é o que escolheu a Moisés e a
Arão, e tirou a vossos pais da terra do Egito.
7. Agora ponde-vos aqui, para que eu pleiteie convosco perante o Senhor,
no tocante a todos os atos de justiça do Senhor, que ele fez a vós e a vossos
pais.
8. Quando Jacó entrou no Egito, e vossos pais clamaram ao Senhor, então
o Senhor enviou Moisés e Arão, que tiraram vossos pais do Egito, e os fizeram
habitar neste lugar.
9. Esqueceram-se, porém, do Senhor seu Deus; e ele os entregou na mão
de Sísera, chefe do exército de Hazor, e na mão dos filisteus, e na mão do
rei de Moabe, os quais pelejaram contra eles.
10. Clamaram, pois, ao Senhor, e disseram: Pecamos, porque deixamos ao
Senhor, e servimos aos baalins e astarotes; agora, porém, livra-nos da mão de
nossos inimigos, e te serviremos:
11. Então o Senhor enviou Jerubaal, e Baraque, e Jefté, e Samuel; e vos
livrou da mão de vossos inimigos em redor, e habitastes em segurança.
12. Quando vistes que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós,
dissestes-me: Não, mas reinará sobre nós um rei; entretanto, o Senhor vosso
Deus era o vosso Rei.
13. Agora, eis o rei que escolhestes e que pedistes; eis que o Senhor tem
posto sobre vós um rei.
14. Se temerdes ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz, e
não fordes rebeldes às suas ordens, e se tanto vós como o rei que reina sobre
vós seguirdes o Senhor vosso Deus, bem está;
15. mas se não derdes ouvidos à voz do Senhor, e fordes rebeldes às
suas ordens, a mão do Senhor será contra vós, como foi contra vossos pais:
16. Portanto ficai agora aqui, e vede esta grande coisa que o Senhor vai
fazer diante dos vossos olhos.
17. Não é hoje a sega do trigo? clamarei, pois, ao Senhor, para que ele
envie trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que
fizestes perante o Senhor, pedindo para vós um rei.
18. Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor enviou naquele dia
trovões e chuva; pelo que todo o povo temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel.
19. Disse todo o povo a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu
Deus, para que não morramos; porque a todos os nossos pecados temos
acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei.
20. Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós fizestes todo este
mal; porém não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi-o de todo o vosso
coração.
21. Não vos desvieis; porquanto seguiríeis coisas vãs, que nada
aproveitam, e tampouco vos livrarão, porque são vãs.
22. Pois o Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu
povo; porque aprouve ao Senhor fazer de vós o seu povo.
23. E quanto a mim, longe de mim esteja o pecar contra o Senhor, deixando
de orar por vos; eu vos ensinarei o caminho bom e direito.
24. Tão-somente temei ao Senhor, e servi-o fielmente de todo o vosso
coração; pois vede quão grandiosas coisas vos fez.
25. Se, porém, perseverardes em fazer o mal, perecereis, assim vós como
o vosso rei.
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I Samuel 13
1. Um ano reinara Saul em Israel. No segundo ano de seu reinado sobre seu
povo,
2. escolheu para si três mil homens de Israel; dois mil estavam com Saul
em Micmás e no monte de Betel, e mil estavam com Jônatas em Gibeá de
Benjamim. Quanto ao resto do povo, mandou-o cada um para sua tenda.
3. Ora, Jônatas feriu a guarnição dos filisteus que estava em Geba, o
que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra,
dizendo: Ouçam os hebreus.
4. Então todo o Israel ouviu dizer que Saul ferira a guarnição dos
filisteus, e que Israel se fizera abominável aos filisteus. E o povo foi
convocado após Saul em Gilgal.
5. E os filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel, com trinta mil
carros, seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à beira
do mar subiram e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Aven.
6. Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em aperto (porque o povo
se achava angustiado), esconderam-se nas cavernas, nos espinhais, nos penhascos,
nos esconderijos subterrâneos e nas cisternas.
7. Ora, alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e
Gileade; mas Saul ficou ainda em Gilgal, e todo o povo o seguia tremendo.
8. Esperou, pois, sete dias, até o tempo que Samuel determinara; não
vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo, deixando a Saul, se dispersava.
9. Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas.
E ofereceu o holocausto.
10. Mal tinha ele acabado de oferecer e holocausto, eis que Samuel
chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar.
11. Então perguntou Samuel: Que fizeste? Respondeu Saul: Porquanto via
que o povo, deixando-me, se dispersava, e que tu não vinhas no tempo
determinado, e que os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás,
12. eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda
não aplaquei o Senhor. Assim me constrangi e ofereci o holocausto.
13. Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente; não guardaste o
mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou. O Senhor teria confirmado o teu
reino sobre Israel para sempre;
14. agora, porém, não subsistirá o teu reino; já tem o Senhor buscado
para si um homem segundo o seu coração, e já o tem destinado para ser
príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.
15. Então Samuel se levantou, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim.
Saul contou o povo que se achava com ele, cerca de seiscentos homens.
16. E Saul, seu filho Jônatas e o povo que se achava com eles, ficaram
em Gibeá de Benjamim, mas os filisteus se tinham acampado em Micmás.
17. Nisso os saqueadores saíram do arraial dos filisteus em três
companhias: uma das companhias tomou o caminho de Ofra para a terra de Sual,
18. outra tomou o caminho de Bete-Horom, e a outra tomou o caminho do
termo que dá para o vale de Zebuim, na direção do deserto.
19. Ora, em toda a terra de Israel não se achava um só ferreiro; porque
os filisteus tinham dito: Não façam os hebreus para si nem espada nem lança.
20. Pelo que todos os israelitas tinham que descer aos filisteus para
afiar cada um a sua relha, a sua enxada, o seu machado e o seu sacho.
21. Tinham porém limas para os sachos, para as enxadas, para as
forquilhas e para os machados, e para consertar as aguilhadas.
22. Assim, no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão
de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; acharam-se, porém, com Saul
e com Jônatas seu filho.
23. E saiu a guarnição dos filisteus para o desfiladeiro de Micmás.
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I Samuel 14
1. Sucedeu, pois, um dia, que Jônatas, filho de Saul, disse ao seu
escudeiro: Vem, passemos à guarnição dos filisteus, que está do outro lado.
Mas não o fez saber a seu pai.
2. Ora Saul estava na extremidade de Gibeá, debaixo da romeira que havia
em Migrom; e o povo que estava com ele era cerca de seiscentos homens;
3. e Aíja, filho de Aitube, irmão de Icabô, filho de Finéias, filho
de Eli, sacerdote do Senhor em Siló, trazia o éfode. E o povo não sabia que
Jônatas tinha ido.
4. Ora, entre os desfiladeiros pelos quais Jônatas procurava chegar à
guarnição dos filisteus, havia um penhasco de um e de outro lado; o nome de um
era Bozez, e o nome do outro Sené.
5. Um deles estava para o norte defronte de Micmás, e o outro para o sul
defronte de Gibeá.
6. Disse, pois, Jônatas ao seu escudeiro: Vem, passemos à guarnição
destes incircuncisos; porventura operará o Senhor por nós, porque para o
Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos.
7. Ao que o seu escudeiro lhe respondeu: Faze tudo o que te aprouver;
segue, eis-me aqui, a tua disposição será a minha.
8. Disse Jônatas: Eis que passaremos àqueles homens, e nos
descobriremos a eles.
9. Se nos disserem: Parai até que cheguemos a vós; então ficaremos no
nosso lugar, e não subiremos a eles.
10. Se, porém, disserem: Subi a nós; então subiremos, pois o Senhor os
entregou em nossas mãos; isso nos será por sinal.
11. Então ambos se descobriram à guarnição dos filisteus, e os
filisteus disseram: Eis que já os hebreus estão saindo das cavernas em que se
tinham escondido.
12. E os homens da guarnição disseram a Jônatas e ao seu escudeiro:
Subi a nós, e vos ensinaremos uma coisa. Disse, pois, Jônatas ao seu
escudeiro: Sobe atrás de mim, porque o Senhor os entregou na mão de Israel.
13. Então trepou Jônatas de gatinhas, e o seu escudeiro atrás dele; e
os filisteus caíam diante de Jônatas, e o seu escudeiro os matava atrás dele.
14. Esta primeira derrota, em que Jônatas e o seu escudeiro mataram uns
vinte homens, deu-se dentro de meia jeira de terra.
15. Pelo que houve tremor no arraial, no campo e em todo o povo; também
a própria guarnição e os saqueadores tremeram; e até a terra estremeceu; de
modo que houve grande pânico.
16. Olharam, pois, as sentinelas de Saul e Gibeá de Benjamim, e eis que
a multidão se derretia, fugindo para cá e para lá.
17. Disse então Saul ao povo que estava com ele: Ora, contai e vede quem
é que saiu dentre nós: E contaram, e eis que nem Jônatas nem o seu escudeiro
estava ali.
18. Então Saul disse a Aíja: Traze aqui a arca de Deus. Pois naquele
dia estava a arca de Deus com os filhos de Israel.
19. E sucedeu que, estando Saul ainda falando com o sacerdote, o
alvoroço que havia no arraial dos filisteus ia crescendo muito; pelo que disse
Saul ao sacerdote: Retira a tua mão.
20. Então Saul e todo o povo que estava com ele se reuniram e foram à
peleja; e eis que dentre os filisteus a espada de um era contra o outro, e houve
mui grande derrota.
21. Os hebreus que estavam dantes com os filisteus, e tinham subido com
eles ao arraial, também se ajuntaram aos israelitas que estavam com Saul e
Jônatas.
22. E todos os homens de Israel que se haviam escondido na região
montanhosa de Efraim, ouvindo que os filisteus fugiam, também os perseguiram de
perto na peleja.
23. Assim o Senhor livrou a Israel naquele dia, e a batalha passou além
de Bete-Aven.
24. Ora, os homens de Israel estavam já exaustos naquele dia, porquanto
Saul conjurara o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão antes da tarde,
antes que eu me vingue de meus inimigos. Pelo que todo o povo se absteve de
comer.
25. Mas todo o povo chegou a um bosque, onde havia mel à flor da terra.
26. Chegando, pois, o povo ao bosque, viu correr o mel; todavia ninguém
chegou a mão à boca, porque o povo temia a conjuração.
27. Jônatas, porém, não tinha ouvido quando seu pai conjurara o povo;
pelo que estendeu a ponta da vara que tinha na mão, e a molhou no favo de mel;
e, ao chegar a mão à boca, aclararam-se-lhe os olhos.
28. Então disse um do povo: Teu pai solenemente conjurou o povo,
dizendo: Maldito o homem que comer pão hoje. E o povo ainda desfalecia.
29. Pelo que disse Jônatas: Meu pai tem turbado a terra; ora vede como
se me aclararam os olhos por ter provado um pouco deste mel.
30. Quanto maior não teria sido a derrota dos filisteus se o povo hoje
tivesse comido livremente do despojo, que achou de seus inimigos?
31. Feriram, contudo, naquele dia aos filisteus, desde Micmás até
Aijalom. E o povo desfaleceu em extremo;
32. então o povo se lançou ao despojo, e tomou ovelhas, bois e bezerros
e, degolando-os no chão, comeu-os com o sangue.
33. E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo está pecando contra o
Senhor, comendo carne com o sangue. Respondeu Saul: Procedestes deslealmente.
Trazei-me aqui já uma grande pedra.
34. Disse mais Saul: Dispersai-vos entre e povo, e dizei-lhes: Trazei-me
aqui cada um o seu boi, e cada um a sua ovelha e degolai-os aqui, e comei; e
não pequeis contra e Senhor, comendo com sangue. Então todo o povo trouxe de
noite, cada um o seu boi, e os degolaram ali.
35. Então edificou Saul um altar ao Senhor; este foi o primeiro altar
que ele edificou ao Senhor.
36. Depois disse Saul: Desçamos de noite atrás dos filisteus, e
despojemo-los, até e amanhecer, e não deixemos deles um só homem. E o povo
disse: Faze tudo o que parecer bem aos teus olhos. Disse, porém, o sacerdote:
Cheguemo-nos aqui a Deus.
37. Então consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atrás dos filisteus?
entregá-los-ás na mão de Israel? Deus, porém, não lhe respondeu naquele
dia.
38. Disse, pois, Saul: Chegai-vos para cá, todos os chefes do povo;
informai-vos, e vede em que se cometeu hoje este pecado;
39. porque, como vive o Senhor que salva a Israel, ainda que seja em meu
filha Jônatas, ele será morto. Mas de todo o povo ninguém lhe respondeu.
40. Disse mais a todo o Israel: Vós estareis dum lado, e eu e meu filho
Jônatas estaremos do outro. Então disse o povo a Saul: Faze o que parecer bem
aos teus olhos.
41. Falou, pois, Saul ao Senhor Deus de Israel: Mostra o que é justo. E
Jônatas e Saul foram tomados por sorte, e o povo saiu livre.
42. Então disse Saul: Lançai a sorte entre mim e Jônatas, meu filho. E
foi tomado Jônatas.
43. Disse então Saul a Jônatas: Declara-me o que fizeste. E Jônatas
lho declarou, dizendo: Provei, na verdade, um pouco de mel com a ponta da vara
que tinha na mão; eis-me pronto a morrer.
44. Ao que disse Saul: Assim me faça Deus, e outro tanto, se tu,
certamente, não morreres, Jônatas.
45. Mas o povo disse a Saul: Morrerá, porventura, Jônatas, que operou
esta grande salvação em Israel? Tal não suceda! como vive o Senhor, não lhe
há de cair no chão um só cabelo da sua cabeça! pois com Deus fez isso hoje.
Assim o povo livrou Jônatas, para que não morresse.
46. Então Saul deixou de perseguir os filisteus, e estes foram para o
seu lugar.
47. Tendo Saul tomado o reino sobre Israel, pelejou contra todos os seus
inimigos em redor: contra Moabe, contra os filhos de Amom, contra Edom, contra
os reis de Zobá e contra os filisteus; e, para onde quer que se voltava, saía
vitorioso.
48. Houve-se valorosamente, derrotando os amalequitas, e libertando
Israel da mão dos que o saqueavam.
49. Ora, os filhos de Saul eram Jônatas, Isvi e Malquisua; os nomes de
suas duas filhas eram estes: o da mais velha Merabe, e o da mais nova Mical.
50. O nome da mulher de Saul era Ainoã, filha de Aimaaz; e o nome do
chefe do seu exército, Abner, filho de Ner, tio de Saul.
51. Quis, pai de Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel.
52. E houve forte guerra contra os filisteus, por todos os dias de Saul;
e sempre que Saul via algum homem poderoso e valente, o agregava a si.
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I Samuel 15
1. Disse Samuel a Saul: Enviou-me o Senhor a ungir-te rei sobre o seu
povo, sobre Israel; ouve, pois, agora as palavras do Senhor.
2. Assim diz o Senhor dos exércitos: Castigarei a Amaleque por aquilo
que fez a Israel quando se lhe opôs no caminho, ao subir ele do Egito.
3. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o
que tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças
de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
4. Então Saul convocou o povo, e os contou em Telaim, duzentos mil
homens de infantaria, e mais dez mil dos de Judá.
5. Chegando, pois, Saul à cidade de Amaleque, pôs uma emboscada no
vale.
6. E disse Saul aos queneus: Ide, retirai-vos, saí do meio dos
amalequitas, para que eu não vos destrua juntamente com eles; porque vós
usastes de misericórdia com todos os filhos de Israel, quando subiram do Egito.
Retiraram-se, pois, os queneus do meio dos amalequitas.
7. Depois Saul feriu os amalequitas desde Havilá até chegar a Sur, que
está defronte do Egito.
8. E tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas, porém a todo o povo
destruiu ao fio da espada.
9. Mas Saul e o povo pouparam a Agague, como também ao melhor das
ovelhas, dos bois, e dos animais engordados, e aos cordeiros, e a tudo o que era
bom, e não os quiseram destruir totalmente; porém a tudo o que era vil e
desprezível destruíram totalmente.
10. Então veio a palavra do Senhor a Samuel, dizendo:
11. Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me
seguir, e não cumpriu as minhas palavras. Então Samuel se contristou, e clamou
ao Senhor a noite toda.
12. E Samuel madrugou para encontrar-se com Saul pela manhã; e foi dito
a Samuel: Já chegou Saul ao Carmelo, e eis que levantou para si numa coluna e,
voltando, passou e desceu a Gilgal.
13. Veio, pois, Samuel ter com Saul, e Saul lhe disse: Bendito sejas do
Senhor; já cumpri a palavra do Senhor.
14. Então perguntou Samuel: Que quer dizer, pois, este balido de ovelhas
que chega aos meus ouvidos, e o mugido de bois que ouço?
15. Ao que respondeu Saul: De Amaleque os trouxeram, porque o povo
guardou o melhor das ovelhas e dos bois, para os oferecer ao Senhor teu Deus; o
resto, porém, destruímo-lo totalmente.
16. Então disse Samuel a Saul: Espera, e te declararei o que o Senhor me
disse esta noite. Respondeu-lhe Saul: Fala.
17. Prosseguiu, pois, Samuel: Embora pequeno aos teus próprios olhos,
porventura não foste feito o cabeça das tribos de Israel? O Senhor te ungiu
rei sobre Israel;
18. e bem assim te enviou o Senhor a este caminho, e disse: Vai, e
destrói totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles,
até que sejam aniquilados.
19. Por que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes te
lançaste ao despojo, e fizeste o que era mau aos olhos do Senhor?
20. Então respondeu Saul a Samuel: Pelo contrário, dei ouvidos à voz
do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou, e trouxe a
Agague, rei de Amaleque, e aos amalequitas destruí totalmente;
21. mas o povo tomou do despojo ovelhas e bois, o melhor do anátema,
para o sacrificar ao Senhor teu Deus em Gilgal.
22. Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o
obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de
carneiros
23. Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação, e a
obstinação é como a iniqüidade de idolatria. Porquanto rejeitaste a palavra
do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei.
24. Então disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto transgredi a ordem do
Senhor e as tuas palavras; porque temi ao povo, e dei ouvidos a sua voz.
25. Agora, pois, perdoa o meu pecado, e volta comigo, para que eu adore
ao Senhor.
26. Samuel porém disse a Saul: Não voltarei contigo; porquanto
rejeitaste a palavra do Senhor, e o Senhor te rejeitou a ti, para que não sejas
rei sobre Israel:
27. E, virando-se Samuel para se ir, Saul pegou-lhe pela orla da capa, a
qual se rasgou.
28. Então Samuel lhe disse: O Senhor rasgou de ti hoje o reino de
Israel, e o deu a um teu próximo, que é melhor do que tu.
29. Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende,
por quanto não é homem para que se arrependa.
30. Ao que disse Saul: Pequei; honra-me, porém, agora diante dos
anciãos do meu povo, e diante de Israel, e volta comigo, para que eu adore ao
Senhor teu Deus.
31. Então, voltando Samuel, seguiu a Saul, e Saul adorou ao Senhor.
32. Então disse Samuel: Trazei-me aqui a Agague, rei dos amalequitas. E
Agague veio a ele animosamente; e disse: Certamente já passou a amargura da
morte.
33. Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou a mulheres,
assim ficará desfilhada tua mãe entre as mulheres. E Samuel despedaçou a
Agague perante o Senhor em Gilgal.
34. Então Samuel se foi a Ramá; e Saul subiu a sua casa, a Gibeá de
Saul.
35. Ora, Samuel nunca mais viu a Saul até o dia da sua morte, mas Samuel
teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de haver posto a Saul rei sobre
Israel.
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I Samuel 16
1. Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul,
havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de
azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me
tenho provido de um rei.
2. Disse, porém, Samuel: Como irei eu? pois Saul o ouvirá e me matará.
Então disse o Senhor: Leva contigo uma bezerra, e dize: Vim para oferecer
sacrifício ao Senhor:
3. E convidarás a Jessé para o sacrifício, e eu te farei saber o que
hás de fazer; e ungir-me-ás a quem eu te designar.
4. Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Belém; então os
anciãos da cidade lhe saíram ao encontro, tremendo, e perguntaram: É de paz a
tua vinda?
5. Respondeu ele: É de paz; vim oferecer sacrifício ao Senhor.
Santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a
seus filhos, e os convidou para o sacrifício.
6. E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está
perante o Senhor o seu ungido.
7. Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem
para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê
como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o
Senhor olha para o coração.
8. Depois chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar diante de Samuel, o
qual disse: Nem a este escolheu o Senhor.
9. Então Jessé fez passar a Samá; Samuel, porém, disse: Tampouco a
este escolheu o Senhor.
10. Assim fez passar Jessé a sete de seus filhos diante de Samuel;
porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não escolheu a nenhum destes.
11. Disse mais Samuel a Jessé: São estes todos os teus filhos?
Respondeu Jessé: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse,
pois, Samuel a Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos sentaremos até que
ele venha aqui.
12. Jessé mandou buscá-lo e o fez entrar. Ora, ele era ruivo, de belos
olhos e de gentil aspecto. Então disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque
é este mesmo.
13. Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus
irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi.
Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá.
14. Ora, o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e o atormentava um
espírito maligno da parte do Senhor.
15. Então os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora um espírito
maligno da parte de Deus te atormenta;
16. dize, pois, Senhor nosso, a teus servos que estão na tua presença,
que busquem um homem que saiba tocar harpa; e quando o espírito maligno da
parte do Senhor vier sobre ti, ele tocara com a sua mão, e te sentirás melhor.
17. Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que
toque bem, e trazei-mo.
18. Respondeu um dos mancebos: Eis que tenho visto um filho de Jessé, o
belemita, que sabe tocar bem, e é forte e destemido, homem de guerra, sisudo em
palavras, e de gentil aspecto; e o Senhor é com ele.
19. Pelo que Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi,
teu filho, o que está com as ovelhas.
20. Jessé, pois, tomou um jumento carregado de pão, e um odre de vinho,
e um cabrito, e os enviou a Saul pela mão de Davi, seu filho.
21. Assim Davi veio e se apresentou a Saul, que se agradou muito dele e o
fez seu escudeiro.
22. Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa ficar Davi ao meu serviço,
pois achou graça aos meus olhos.
23. E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi
tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se
achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.
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I Samuel 17
1. Ora, os filisteus ajuntaram as suas forças para a guerra e
congregaram-se em Socó, que pertence a Judá, e acamparam entre Socó e Azeca,
em Efes-Damim.
2. Saul, porém, e os homens de Israel se ajuntaram e acamparam no vale
de Elá, e ordenaram a batalha contra os filisteus.
3. Os filisteus estavam num monte de um lado, e os israelitas estavam num
monte do outro lado; e entre eles o vale.
4. Então saiu do arraial dos filisteus um campeão, cujo nome era
Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo.
5. Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça
escameada, cujo peso era de cinco mil siclos de bronze.
6. Também trazia grevas de bronze nas pernas, e um dardo de bronze entre
os ombros.
7. A haste da sua lança era como o órgão de um tear, e a ponta da sua
lança pesava seiscentos siclos de ferro; adiante dele ia o seu escudeiro.
8. Ele, pois, de pé, clamava às fileiras de Israel e dizia-lhes: Por
que saístes a ordenar a batalha? Não sou eu filisteu, e vós servos de Saul?
Escolhei dentre vós um homem que desça a mim.
9. Se ele puder pelejar comigo e matar-me, seremos vossos servos; porem,
se eu prevalecer contra ele e o matar, então sereis nossos servos, e nos
servireis.
10. Disse mais o filisteu: Desafio hoje as fileiras de Israel; dai-me um
homem, para que nós dois pelejemos.
11. Ouvindo, então, Saul e todo o Israel estas palavras do filisteu,
desalentaram-se, e temeram muito.
12. Ora, Davi era filho de um homem efrateu, de Belém de Judá, cujo
nome era Jessé, que tinha oito filhos; e nos dias de Saul este homem era já
velho e avançado em idade entre os homens.
13. Os três filhos mais velhos de Jessé tinham seguido a Saul à
guerra; eram os nomes de seus três filhos que foram à guerra: Eliabe, o
primogênito, o segundo Abinadabe, e o terceiro Samá:
14. Davi era o mais moço; os três maiores seguiram a Saul,
15. mas Davi ia e voltava de Saul, para apascentar as ovelhas de seu pai
em Belém.
16. Chegava-se, pois, o filisteu pela manhã e à tarde; e apresentou-se
por quarenta dias.
17. Disse então Jessé a Davi, seu filho: Toma agora para teus irmãos
uma refa deste grão tostado e estes dez pães, e corre a levá-los ao arraial,
a teus irmãos.
18. Leva, também, estes dez queijos ao seu comandante de mil; e verás
como passam teus irmãos, e trarás notícias deles.
19. Ora, estavam Saul, e eles, e todos os homens de Israel no vale de
Elá, pelejando contra os filisteus.
20. Davi então se levantou de madrugada e, deixando as ovelhas com um
guarda, carregou-se e partiu, como Jessé lhe ordenara; e chegou ao arraial
quando o exército estava saindo em ordem de batalha e dava gritos de guerra.
21. Os israelitas e os filisteus se punham em ordem de batalha, fileira
contra fileira.
22. E Davi, deixando na mão do guarda da bagagem a carga que trouxera,
correu às fileiras; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.
23. Enquanto ainda falava com eles, eis que veio subindo do exército dos
filisteus o campeão, cujo nome era Golias, o filisteu de Gate, e falou conforme
aquelas palavras; e Davi as ouviu.
24. E todos os homens de Israel, vendo aquele homem, fugiam, de diante
dele, tomados de pavor.
25. Diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem que subiu? pois subiu
para desafiar a Israel. Ao homem, pois, que o matar, o rei cumulará de grandes
riquezas, e lhe dará a sua filha, e fará livre a casa de seu pai em Israel.
26. Então falou Davi aos homens que se achavam perto dele, dizendo: Que
se fará ao homem que matar a esse filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel?
pois quem é esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus
vivo?
27. E o povo lhe repetiu aquela palavra, dizendo: Assim se fará ao homem
que o matar.
28. Eliabe, seu irmão mais velho, ouviu-o quando falava àqueles homens;
pelo que se acendeu a sua ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui, e a
quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Eu conheço a tua presunção,
e a maldade do teu coração; pois desceste para ver a peleja.
29. Respondeu Davi: Que fiz eu agora? porventura não há razão para
isso?
30. E virou-se dele para outro, e repetiu as suas perguntas; e o povo lhe
respondeu como da primeira vez.
31. Então, ouvidas as palavras que Davi falara, foram elas referidas a
Saul, que mandou chamá-lo.
32. E Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por
causa dele; teu servo irá, e pelejará contra este filisteu.
33. Saul, porém, disse a Davi: Não poderás ir contra esse filisteu
para pelejar com ele, pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua
mocidade.
34. Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu
pai, e sempre que vinha um leão, ou um urso, e tomava um cordeiro do rebanho,
35. eu saía após ele, e o matava, e lho arrancava da boca;
levantando-se ele contra mim, segurava-o pela queixada, e o feria e matava.
36. O teu servo matava tanto ao leão como ao urso; e este incircunciso
filisteu será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo.
37. Disse mais Davi: O Senhor, que me livrou das garras do leão, e das
garras do urso, me livrará da mão deste filisteu. Então disse Saul a Davi:
Vai, e o Senhor seja contigo.
38. E vestiu a Davi da sua própria armadura, pôs-lhe sobre a cabeça um
capacete de bronze, e o vestiu de uma couraça.
39. Davi cingiu a espada sobre a armadura e procurou em vão andar, pois
não estava acostumado àquilo. Então disse Davi a Saul: Não posso andar com
isto, pois não estou acostumado. E Davi tirou aquilo de sobre si.
40. Então tomou na mão o seu cajado, escolheu do ribeiro cinco seixos
lisos e pô-los no alforje de pastor que trazia, a saber, no surrão, e, tomando
na mão a sua funda, foi-se chegando ao filisteu.
41. O filisteu também vinha se aproximando de Davi, tendo a: sua frente
o seu escudeiro.
42. Quando o filisteu olhou e viu a Davi, desprezou-o, porquanto era
mancebo, ruivo, e de gentil aspecto.
43. Disse o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para tu vires a mim com
paus? E o filisteu, pelos seus deuses, amaldiçoou a Davi.
44. Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e eu darei a tua carne às
aves do céu e às bestas do campo.
45. Davi, porém, lhe respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e
com escudo; mas eu venho a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos
exércitos de Israel, a quem tens afrontado.
46. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão; ferir-te-ei, e
tirar-te-ei a cabeça; os cadáveres do arraial dos filisteus darei hoje mesmo
às aves do céu e às feras da terra; para que toda a terra saiba que há Deus
em Israel;
47. e para que toda esta assembléia saiba que o Senhor salva, não com
espada, nem com lança; pois do Senhor é a batalha, e ele vos entregará em
nossas mãos.
48. Quando o filisteu se levantou e veio chegando para se defrontar com
Davi, este se apressou e correu ao combate, a encontrar-se com o filisteu.
49. E Davi, metendo a mão no alforje, tirou dali uma pedra e com a funda
lha atirou, ferindo o filisteu na testa; a pedra se lhe cravou na testa, e ele
caiu com o rosto em terra.
50. Assim Davi prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma
pedra; feriu-o e o matou; e não havia espada na mão de Davi.
51. Correu, pois, Davi, pôs-se em pé sobre o filisteu e, tomando a
espada dele e tirando-a da bainha, o matou, decepando-lhe com ela a cabeça.
Vendo então os filisteus que o seu campeão estava morto, fugiram.
52. Então os homens de Israel e de Judá se levantaram gritando, e
perseguiram os filisteus até a entrada de Gai e até as portas de Ecrom; e
caíram os feridos dos filisteus pelo caminho de Saraim até Gate e até Ecrom.
53. Depois voltaram os filhos de Israel de perseguirem os filisteus, e
despojaram os seus arraiais.
54. Davi tomou a cabeça do filisteu e a trouxe a Jerusalém; porém pôs
as armas dele na sua tenda.
55. Quando Saul viu Davi sair e encontrar-se com o filisteu, perguntou a
Abner, o chefe do exército: De quem é filho esse jovem, Abner? Respondeu
Abner: Vive a tua alma, ó rei, que não sei.
56. Disse então o rei: Pergunta, pois, de quem ele é filho.
57. Voltando, pois, Davi de ferir o filisteu, Abner o tomou consigo, e o
trouxe à presença de Saul, trazendo Davi na mão a cabeça do filisteu.
58. E perguntou-lhe Saul: De quem és filho, jovem? Respondeu Davi: Filho
de teu servo Jessé, belemita.
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I Samuel 18
1. Ora, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas ligou-se com
a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma.
2. E desde aquele dia Saul o reteve, não lhe permitindo voltar para a
casa de seu pai.
3. Então Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como à sua
própria vida.
4. E Jônatas se despojou da capa que vestia, e a deu a Davi, como
também a sua armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto.
5. E saía Davi aonde quer que Saul o enviasse, e era sempre bem
sucedido; e Saul o pôs sobre a gente de guerra, e isso pareceu bem aos olhos de
todo o povo, e até aos olhos dos servos de Saul.
6. Sucedeu porém que, retornando eles, quando Davi voltava de ferir o
filisteu, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei
Saul, cantando e dançando alegremente, com tamboris, e com instrumentos de
música.
7. E as mulheres, dançando, cantavam umas para as outras, dizendo: Saul
feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares.
8. Então Saul se indignou muito, pois aquela palavra pareceu mal aos
seus olhos, e disse: Dez milhares atribuíram a Davi, e a mim somente milhares;
que lhe falta, senão só o reino?
9. Daquele dia em diante, Saul trazia Davi sob suspeita.
10. No dia seguinte o espírito maligno da parte de Deus se apoderou de
Saul, que começou a profetizar no meio da casa; e Davi tocava a harpa, como nos
outros dias. Saul tinha na mão uma lança.
11. E Saul arremessou a lança, dizendo consigo: Encravarei a Davi na
parede. Davi, porém, desviou-se dele por duas vezes.
12. Saul, pois, temia a Davi, porque o Senhor era com Davi e se tinha
retirado dele.
13. Pelo que Saul o afastou de si, e o fez comandante de mil; e ele saía
e entrava diante do povo.
14. E Davi era bem sucedido em todos os seus caminhos; e o Senhor era com
ele.
15. Vendo, então, Saul que ele era tão bem sucedido, tinha receio dele.
16. Mas todo o Israel e Judá amavam a Davi, porquanto saía e entrava
diante deles.
17. Pelo que Saul disse a Davi: Eis que Merabe, minha filha mais velha,
te darei por mulher, contanto que me sejas filho valoroso, e guerreies as
guerras do Senhor. Pois Saul dizia consigo: Não seja contra ele a minha mão,
mas sim a dos filisteus.
18. Mas Davi disse a Saul: Quem sou eu, e qual é a minha vida e a
família de meu pai em Israel, para eu vir a ser genro do rei?
19. Sucedeu, porém, que ao tempo em que Merabe, filha de Saul, devia ser
dada a Davi, foi dada por mulher a Adriel, meolatita.
20. Mas Mical, a outra filha de Saul, amava a Davi; sendo isto anunciado
a Saul, pareceu bem aos seus olhos.
21. E Saul disse: Eu lha darei, para que ela lhe sirva de laço, e para
que a mão dos filisteus venha a ser contra ele. Pelo que Saul disse a Davi: com
a outra serás hoje meu genro.
22. Saul, pois, deu ordem aos seus servos: Falai em segredo a Davi,
dizendo: Eis que o rei se agrada de ti, e todos os seus servos te querem bem;
agora, pois, consente em ser genro do rei.
23. Assim os servos de Saul falaram todas estas palavras aos ouvidos de
Davi. Então disse Davi: Parece-vos pouca coisa ser genro do rei, sendo eu homem
pobre e de condição humilde?
24. E os servos de Saul lhe anunciaram isto, dizendo: Assim e assim falou
Davi.
25. Então disse Saul: Assim direis a Davi: O rei não deseja dote,
senão cem prepúcios de filisteus, para que seja vingado dos seus inimigos.
Porquanto Saul tentava fazer Davi cair pela mão dos filisteus.
26. Tendo os servos de Saul anunciado estas palavras a Davi, pareceu bem
aos seus olhos tornar-se genro do rei. Ora, ainda os dias não se haviam
cumprido,
27. quando Davi se levantou, partiu com os seus homens, e matou dentre os
filisteus duzentos homens; e Davi trouxe os prepúcios deles, e os entregou, bem
contados, ao rei, para que fosse seu genro. Então Saul lhe deu por mulher sua
filha Mical.
28. Mas quando Saul viu e compreendeu que o Senhor era com Davi e que
todo o Israel o amava,
29. temeu muito mais a Davi; e Saul se tornava cada vez mais seu inimigo.
30. Então saíram os chefes dos filisteus à campanha; e sempre que eles
saíam, Davi era mais bem sucedido do que todos os servos de Saul, pelo que o
seu nome era mui estimado.
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I Samuel 19
1. Falou, pois, Saul a Jônatas, seu filho, e a todos os seus servos,
para que matassem a Davi. Porém Jônatas, filho de Saul, estava muito
afeiçoado a Davi.
2. Pelo que Jônatas o anunciou a Davi, dizendo: Saul, meu pai, procura
matar-te; portanto, guarda-te amanhã pela manhã, fica num lugar oculto e
esconde-te;
3. eu sairei e me porei ao lado de meu pai no campo em que estiveres;
falarei acerca de ti a meu pai, verei o que há, e to anunciarei.
4. Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e disse-lhe: Não
peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e porque os
seus feitos para contigo têm sido muito bons.
5. Porque expôs a sua vida e matou o filisteu, e o Senhor fez um grande
livramento para todo o Israel. Tu mesmo o viste, e te alegraste; por que, pois,
pecarias contra o sangue inocente, matando sem causa a Davi?
6. E Saul deu ouvidos à voz de Jônatas, e jurou: Como vive o Senhor,
Davi não morrera.
7. Jônatas, pois, chamou a Davi, contou-lhe todas estas palavras, e o
levou a Saul; e Davi o assistia como dantes.
8. Depois tornou a haver guerra; e saindo Davi, pelejou contra os
filisteus, e os feriu com grande matança, e eles fugiram diante dele.
9. Então o espírito maligno da parte do Senhor veio sobre Saul, estando
ele sentado em sua casa, e tendo na mão a sua lança; e Davi estava tocando a
harpa.
10. E Saul procurou encravar a Davi na parede, porém ele se desviou de
diante de Saul, que fincou a lança na parede. Então Davi fugiu, e escapou
naquela mesma noite.
11. Mas Saul mandou mensageiros à casa de Davi, para que o vigiassem, e
o matassem pela manhã; porém Mical, mulher de Davi, o avisou, dizendo: Se não
salvares a tua vida esta noite, amanhã te matarão.
12. Então Mical desceu Davi por uma janela, e ele se foi e, fugindo,
escapou.
13. Mical tomou uma estátua, deitou-a na cama, pôs-lhe à cabeceira uma
pele de cabra, e a cobriu com uma capa.
14. Quando Saul enviou mensageiros para prenderem a Davi, ela disse:
Está doente.
15. Tornou Saul a enviá-los, para que vissem a Davi, dizendo-lhes:
Trazei-mo na cama, para que eu o mate.
16. Vindo, pois, os mensageiros, eis que estava a estátua na cama, e a
pele de cabra à sua cabeceira.
17. Então perguntou Saul a Mical: Por que assim me enganaste, e deixaste
o meu inimigo ir e escapar? Respondeu Mical a Saul: Porque ele me disse:
Deixa-me ir! Por que hei de matar-te?
18. Assim Davi fugiu e escapou; e indo ter com Samuel, em Ramá,
contou-lhe tudo quanto Saul lhe fizera; foram, pois, ele e Samuel, e ficaram em
Naiote.
19. E foi dito a Saul: Eis que Davi está em Naiote, em Ramá.
20. Então enviou Saul mensageiros para prenderem a Davi; quando eles
viram a congregação de profetas profetizando, e Samuel a presidi-los, o
Espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles
profetizaram.
21. Avisado disso, Saul enviou outros mensageiros, e também estes
profetizaram. Ainda terceira vez enviou Saul mensageiros, os quais também
profetizaram.
22. Então foi ele mesmo a Rama e, chegando ao poço grande que estava em
Sécu, perguntou: Onde estão Samuel e Davi? Responderam-lhe: Eis que estão em
Naiote, em Ramá.
23. Foi, pois, para Naiote, em Ramá; e o Espírito de Deus veio também
sobre ele, e ele ia caminhando e profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá.
24. E despindo as suas vestes, ele também profetizou diante de Samuel; e
esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite. Pelo que se diz: Está
também Saul entre os profetas?
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I Samuel 20
1. Então fugiu Davi de Naiote, em Ramá, veio ter com Jônatas e lhe
disse: Que fiz eu? qual é a minha iniqüidade? e qual é o meu pecado diante de
teu pai, para que procure tirar-me a vida?
2. E ele lhe disse: Longe disso! não hás de morrer. Meu pai não faz
coisa alguma, nem grande nem pequena, sem que primeiro ma participe; por que,
pois, meu pai me encobriria este negócio? Não é verdade.
3. Respondeu-lhe Davi, com juramento: Teu pai bem sabe que achei graça
aos teus olhos; pelo que disse: Não saiba isto Jônatas, para que não se
magoe. Mas, na verdade, como vive o Senhor, e como vive a tua alma, há apenas
um passo entre mim e a morte.
4. Disse Jônatas a Davi: O que desejas tu que eu te faça?
5. Respondeu Davi a Jônatas: Eis que amanhã é a lua nova, e eu deveria
sentar-me com o rei para comer; porém deixa-me ir, e esconder-me-ei no campo
até a tarde do terceiro dia.
6. Se teu pai notar a minha ausência, dirás: Davi me pediu muito que o
deixasse ir correndo a Belém, sua cidade, porquanto se faz lá o sacrifício
anual para toda a parentela.
7. Se ele disser: Está bem; então teu servo tem paz; porém se ele
muito se indignar, fica sabendo que ele já está resolvido a praticar o mal.
8. Usa, pois, de misericórdia para com o teu servo, porque o fizeste
entrar contigo em aliança do Senhor; se, porém, há culpa em mim, mata-me tu
mesmo; por que me levarias a teu pai?
9. Ao que respondeu Jônatas: Longe de ti tal coisa! Se eu soubesse que
meu pai estava resolvido a trazer o mal sobre ti, não to descobriria eu?
10. Perguntou, pois, Davi a Jônatas: Quem me fará saber, se por acaso
teu pai te responder asperamente?
11. Então disse Jônatas a Davi: Vem, e saiamos ao campo. E saíram
ambos ao campo.
12. E disse Jônatas a Davi: O Senhor, Deus de Israel, seja testemunha!
Sondando eu a meu pai amanhã a estas horas, ou depois de amanhã, se houver
coisa favorável para Davi, eu não enviarei a ti e não to farei saber?
13. O Senhor faça assim a Jônatas, e outro tanto, se, querendo meu pai
fazer-te mal, eu não te fizer saber, e não te deixar partir, para ires em paz;
e o Senhor seja contigo, assim como foi com meu pai.
14. E não somente usarás para comigo, enquanto viver, da benevolência
do Senhor, para que não morra,
15. como também não cortarás nunca da minha casa a tua benevolência,
nem ainda quando o Senhor tiver desarraigado da terra a cada um dos inimigos de
Davi.
16. Assim fez Jônatas aliança com a casa de Davi, dizendo: O Senhor se
vingue dos inimigos de Davi.
17. Então Jônatas fez Davi jurar de novo, porquanto o amava; porque o
amava com todo o amor da sua alma.
18. Disse-lhe ainda Jônatas: Amanhã é a lua nova, e notar-se-á a tua
ausência, pois o teu lugar estará vazio.
19. Ao terceiro dia descerás apressadamente, e irás àquele lugar onde
te escondeste no dia do negócio, e te sentarás junto à pedra de Ezel.
20. E eu atirarei três flechas para aquela banda, como se atirasse ao
alvo.
21. Então mandarei o moço, dizendo: Anda, busca as flechas. Se eu
expressamente disser ao moço: Olha que as flechas estão para cá de ti,
apanha-as; então vem, porque, como vive o Senhor, há paz para ti, e não há
nada a temer.
22. Mas se eu disser ao moço assim: Olha que as flechas estão para lá
de ti; vai-te embora, porque o Senhor te manda ir.
23. E quanto ao negócio de que eu e tu falamos, o Senhor é testemunha
entre mim e ti para sempre.
24. Escondeu-se, pois, Davi no campo; e, sendo a lua nova, sentou-se o
rei para comer.
25. E, sentando-se o rei, como de costume, no seu assento junto à
parede, Jônatas sentou-se defronte dele, e Abner sentou-se ao lado de Saul; e o
lugar de Davi ficou vazio.
26. Entretanto Saul não disse nada naquele dia, pois dizia consigo:
Aconteceu-lhe alguma coisa pela qual não está limpo; certamente não está
limpo.
27. Sucedeu também no dia seguinte, o segundo da lua nova, que o lugar
de Davi ficou vazio. Perguntou, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Por que o
filho de Jessé não veio comer nem ontem nem hoje?
28. Respondeu Jônatas a Saul: Davi pediu-me encarecidamente licença
para ir a Belém,
29. dizendo: Peço-te que me deixes ir, porquanto a nossa parentela tem
um sacrifício na cidade, e meu irmão ordenou que eu fosse; se, pois, agora
tenho achado graça aos teus olhos, peço-te que me deixes ir, para ver a meus
irmãos. Por isso não veio à mesa do rei.
30. Então se acendeu a ira de Saul contra Jônatas, e ele lhe disse:
Filho da perversa e rebelde! Não sei eu que tens escolhido a filho de Jessé
para vergonha tua, e para vergonha de tua mãe?
31. Pois por todo o tempo em que o filho de Jessé viver sobre a terra,
nem tu estarás seguro, nem o teu reino; pelo que envia agora, e traze-mo,
porque ele há de morrer.
32. Ao que respondeu Jônatas a Saul, seu pai, e lhe disse: Por que há
de morrer. que fez ele?
33. Então Saul levantou a lança, para o ferir; assim entendeu Jônatas
que seu pai tinha determinado matar a Davi.
34. Pelo que Jônatas, todo encolerizado, se levantou da mesa, e no
segundo dia do mês não comeu; pois se magoava por causa de Davi, porque seu
pai o tinha ultrajado.
35. Jônatas, pois, saiu ao campo, pela manhã, ao tempo que tinha
ajustado com Davi, levando consigo um rapazinho.
36. Então disse ao moço: Corre a buscar as flechas que eu atirar.
Correu, pois, o moço; e Jônatas atirou uma flecha, que fez passar além dele.
37. Quando o moço chegou ao lugar onde estava a flecha que Jônatas
atirara, gritou-lhe este, dizendo: Não está porventura a flecha para lá de
ti?
38. E tornou a gritar ao moço: Apressa-te, anda, não te demores! E o
servo de Jônatas apanhou as flechas, e as trouxe a seu senhor.
39. O moço, porém, nada percebeu; só Jônatas e Davi sabiam do
negócio.
40. Então Jônatas deu as suas armas ao moço, e lhe disse: Vai, leva-as
à cidade.
41. Logo que o moço se foi, levantou-se Davi da banda do sul, e
lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se
um ao outro, e choraram ambos, mas Davi chorou muito mais.
42. E disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz, porquanto nós temos jurado
ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha
descendência e a tua descendência perpetuamente.
43. Então Davi se levantou e partiu; e Jônatas entrou na cidade.
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I Samuel 21
1. Então veio Davi a Nobe, ao sacerdote Aimeleque, o qual saiu,
tremendo, ao seu encontro, e lhe perguntou: Por que vens só, e ninguém
contigo?
2. Respondeu Davi ao sacerdote Aimeleque: O rei me encomendou um
negócio, e me disse: Ninguém saiba deste negócio pelo qual eu te enviei, e o
qual te ordenei. Quanto aos mancebos, apontei-lhes tal e tal lugar.
3. Agora, pois, que tens à mão? Dá-me cinco pães, ou o que se achar.
4. Ao que, respondendo o sacerdote a Davi, disse: Não tenho pão comum
à mão; há, porém, pão sagrado, se ao menos os mancebos se têm abstido das
mulheres.
5. E respondeu Davi ao sacerdote, e lhe disse: Sim, em boa fé, as
mulheres se nos vedaram há três dias; quando eu saí, os vasos dos mancebos
também eram santos, embora fosse para uma viagem comum; quanto mais ainda hoje
não serão santos os seus vasos?
6. Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado; porquanto não havia ali
outro pão senão os pães da proposição, que se haviam tirado de diante do
Senhor no dia em que se tiravam para se pôr ali pão quente.
7. Ora, achava-se ali naquele dia um dos servos de Saul, detido perante o
Senhor; e era seu nome Doegue, edomeu, chefe dos pastores de Saul.
8. E disse Davi a Aimeleque: Não tens aqui à mão uma lança ou uma
espada? porque eu não trouxe comigo nem a minha espada nem as minhas armas,
pois o negócio do rei era urgente.
9. Respondeu o sacerdote: A espada de Golias, o filisteu, a quem tu
feriste no vale de Elá, está aqui envolta num pano, detrás do éfode; se a
queres tomar, toma-a, porque não há outra aqui senão ela. E disse Davi: Não
há outra igual a essa; dá-ma.
10. Levantou-se, pois, Davi e fugiu naquele dia de diante de Saul, e foi
ter com Áquis, rei de Gate.
11. Mas os servos de Áquis lhe perguntaram: Este não é Davi, o rei da
terra? não foi deste que cantavam nas danças, dizendo: Saul matou os seus
milhares, por Davi os seus dez milhares?
12. E Davi considerou estas palavras no seu coração, e teve muito medo
de Áquis, rei de Gate.
13. Pelo que se contrafez diante dos olhos deles, e fingiu-se doido nas
mãos deles, garatujando nas portas, e deixando correr a saliva pela barba.
14. Então disse Áquis aos seus servos: Bem vedes que este homem está
louco; por que mo trouxestes a mim?
15. Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis a este para fazer
doidices diante de mim? há de entrar este na minha casa?
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I Samuel 22
1. Depois Davi, retirando-se desse lugar, escapou para a caverna de
Adulão. Quando os seus irmãos e toda a casa de seu pai souberam disso,
desceram ali para ter com ele.
2. Ajuntaram-se a ele todos os que se achavam em aperto, todos os
endividados, e todos os amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles;
havia com ele cerca de quatrocentos homens.
3. Dali passou Davi para Mizpe de Moabe; e disse ao rei de Moabe: Deixa,
peço-te, que meu pai e minha mãe fiquem convosco, até que eu saiba o que Deus
há de fazer de mim.
4. E os deixou com o rei de Moabe; e ficaram com ele por todo o tempo que
Davi esteve no lugar forte.
5. Disse o profeta Gade a Davi: Não fiques no lugar forte; sai, e entra
na terra de Judá. Então Davi saiu, e foi para o bosque de Herete.
6. Ora, ouviu Saul que já havia notícias de Davi e dos homens que
estavam com ele. Estava Saul em Gibeá, sentado debaixo da tamargueira, sobre o
alto, e tinha na mão a sua lança, e todos os seus servos estavam com ele.
7. Então disse Saul a seus servos que estavam com ele: Ouvi, agora,
benjamitas! Acaso o filho de Jessé vos dará a todos vós terras e vinhas, e
far-vos-á a todos chefes de milhares e chefes de centenas,
8. para que todos vós tenhais conspirado contra mim, e não haja
ninguém que me avise de ter meu filho, feito aliança com o filho de Jessé, e
não haja ninguém dentre vós que se doa de mim, e me participe o ter meu filho
sublevado meu servo contra mim, para me armar ciladas, como se vê neste dia?
9. Então respondeu Doegue, o edomeu, que também estava com os servos de
Saul, e disse: Vi o filho de Jessé chegar a Nobe, a Aimeleque, filho de Aitube;
10. o qual consultou por ele ao Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe deu
também a espada de Golias, o filisteu.
11. Então o rei mandou chamar a Aimeleque, o sacerdote, filho de Aitube,
e a toda a casa de seu pai, isto é, aos sacerdotes que estavam em Nobe; e todos
eles vierem ao rei.
12. E disse Saul: Ouve, filho de Aitube! E ele lhe disse: Eis-me aqui,
senhor meu.
13. Então lhe perguntou Saul: Por que conspirastes contra mim, tu e o
filho de Jessé, pois deste lhe pão e espada, e consultaste por ele a Deus,
para que ele se levantasse contra mim a armar-me ciladas, como se vê neste dia?
14. Ao que respondeu Aimeleque ao rei dizendo: Quem há, entre todos os
teus servos, tão fiel como Davi, o genro do rei, chefe da tua guarda, e honrado
na tua casa?
15. Porventura é de hoje que comecei a consultar por ele a Deus? Longe
de mim tal coisa! Não impute o rei coisa nenhuma a mim seu servo, nem a toda a
casa de meu pai, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem
pouco.
16. O rei, porém, disse: Hás de morrer, Aimeleque, tu e toda a casa de
teu pai.
17. E disse o rei aos da sua guarda que estavam com ele: Virai-vos, e
matai os sacerdotes do Senhor, porque também a mão deles está com Davi, e
porque sabiam que ele fugia e não mo fizeram saber. Mas os servos do rei não
quiseram estender as suas mãos para arremeter contra os sacerdotes do Senhor.
18. Então disse o rei a Doegue: Vira-te e arremete contra os sacerdotes.
Virou-se, então, Doegue, o edomeu, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou
naquele dia oitenta e cinco homens que vestiam éfode de linho.
19. Também a Nobe, cidade desses sacerdotes, passou a fio de espada;
homens e mulheres, meninos e criancinhas de peito, e até os bois, jumentos e
ovelhas passou a fio de espada.
20. Todavia um dos filhos de Aimeleque, filho de Aitube, que se chamava
Abiatar, escapou e fugiu para Davi.
21. E Abiatar anunciou a Davi que Saul tinha matado os sacerdotes do
Senhor.
22. Então Davi disse a Abiatar: Bem sabia eu naquele dia que, estando
ali Doegue, o edomeu, não deixaria de o denunciar a Saul. Eu sou a causa da
morte de todos os da casa de teu pai.
23. Fica comigo, não temas; porque quem procura a minha morte também
procura a tua; comigo estarás em segurança.
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I Samuel 23
1. Ora, foi anunciado a Davi: Eis que os filisteus pelejam contra Queila
e saqueiam as eiras.
2. Pelo que consultou Davi ao Senhor, dizendo: Irei eu, e ferirei a esses
filisteus? Respondeu o Senhor a Davi: Vai, fere aos filisteus e salva a Queila.
3. Mas os homens de Davi lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judá,
quanta mais se formos a Queila, contra o exército dos filisteus!
4. Davi, pois, tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu:
Levanta-te, desce a Queila, porque eu hei de entregar os filisteus na tua mão.
5. Então Davi partiu com os seus homens para Queila, pelejou contra os
filisteus, levou-lhes o gado, e fez grande matança entre eles; assim Davi
salvou os moradores de Queila.
6. Ora, quando Abiatar, filho de Aimeleque, fugiu para Davi, a Queila,
desceu com um éfode na mão.
7. Então foi anunciado a Saul que Davi tinha ido a Queila; e disse Saul:
Deus o entregou nas minhas mãos; pois está encerrado, porque entrou numa
cidade que tem portas e ferrolhos.
8. E convocou todo o povo à peleja, para descerem a Queila, e cercar a
Davi e os seus homens.
9. Sabendo, pois, Davi que Saul maquinava este mal contra ele, disse a
Abiatar, sacerdote: Traze aqui o éfode.
10. E disse Davi: Ó Senhor, Deus de Israel, teu servo acaba de ouvir que
Saul procura vir a Queila, para destruir a cidade por causa de mim.
11. Entregar-me-ão os cidadãos de Queila na mão dele? descerá Saul,
como o teu servo tem ouvido? Ah, Senhor Deus de Israel! faze-o saber ao teu
servo. Respondeu o Senhor: Descerá.
12. Disse mais Davi: Entregar-me-ão os cidadãos de Queila, a mim e aos
meus homens, nas mãos de Saul? E respondeu o Senhor: Entregarão.
13. Levantou-se, então, Davi com os seus homens, cerca de seiscentos, e
saíram de Queila, e foram-se aonde puderam. Saul, quando lhe foi anunciado que
Davi escapara de Queila, deixou de sair contra ele.
14. E Davi ficou no deserto, em lugares fortes, permanecendo na região
montanhosa no deserto de Zife. Saul o buscava todos os dias, porém Deus não o
entregou na sua mão.
15. Vendo, pois, Davi que Saul saíra à busca da sua vida, esteve no
deserto de Zife, em Hores.
16. Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi ter com Davi em
Hores, e o confortou em Deus;
17. e disse-lhe: Não temas; porque não te achará a mão de Saul, meu
pai; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo; o que
também Saul, meu pai, bem sabe.
18. E ambos fizeram aliança perante o Senhor; Davi ficou em Hores, e
Jônatas, voltou para sua casa.
19. Então subiram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não se escondeu
Davi entre nós, nos lugares fortes em Hores, no outeiro de Haquilá, que está
à mão direita de Jesimom?
20. Agora, pois, ó rei, desce apressadamente, conforme todo o desejo da
tua alma; a nós nos cumpre entregá-lo nas mãos do rei.
21. Então disse Saul: Benditos sejais vós do Senhor, porque vos
compadecestes de mim:
22. Ide, pois, informai-vos ainda melhor; sabei e notai o lugar que ele
freqüenta, e quem o tenha visto ali; porque me foi dito que é muito astuto.
23. Pelo que atentai bem, e informai-vos acerca de todos os esconderijos
em que ele se oculta; e então voltai para mim com notícias exatas, e eu irei
convosco. E há de ser que, se estiver naquela terra, eu o buscarei entre todos
os milhares de Judá.
24. Eles, pois, se levantaram e foram a Zife adiante de Saul; Davi,
porém, e os seus homens estavam no deserto de Maom, na campina ao sul de
Jesimom.
25. E Saul e os seus homens foram em busca dele. Sendo isso anunciado a
Davi, desceu ele à penha que está no deserto de Maom. Ouvindo-o Saul, foi ao
deserto de Maom, a perseguir Davi.
26. Saul ia de uma banda do monte, e Davi e os seus homens da outra
banda. E Davi se apressava para escapar, por medo de Saul, porquanto Saul e os
seus homens iam cercando a Davi e aos seus homens, para os prender.
27. Nisso veio um mensageiro a Saul, dizendo: Apressa-te, e vem, porque
os filisteus acabam de invadir a terra.
28. Pelo que Saul voltou de perseguir a Davi, e se foi ao encontro dos
filisteus. Por esta razão aquele lugar se chamou Selá-Hamalecote.
29. Depois disto, Davi subiu e ficou nos lugares fortes de En-Gedi.
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I Samuel 24
1. Ora, quando Saul voltou de perseguir os filisteus, foi-lhe dito: Eis
que Davi está no deserto de En-Gedi.
2. Então tomou Saul três mil homens, escolhidos dentre todo o Israel, e
foi em busca de Davi e dos seus homens, até sobre as penhas das cabras
montesas.
3. E chegou no caminho a uns currais de ovelhas, onde havia uma caverna;
e Saul entrou nela para aliviar o ventre. Ora Davi e os seus homens estavam
sentados na parte interior da caverna.
4. Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia do qual o Senhor
te disse: Eis que entrego o teu inimigo nas tuas mãos; far-lhe-ás como parecer
bem aos teus olhos. Então Davi se levantou, e de mansinho cortou a orla do
manto de Saul.
5. Sucedeu, porém, que depois doeu o coração de Davi, por ter cortado
a orla do manto de Saul.
6. E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa
ao meu senhor, ao ungido do Senhor, que eu estenda a minha mão contra ele, pois
é o ungido do Senhor.
7. com essas palavras Davi conteve os seio chegando para se permitiu que
se levantassem contra Saul. E Saul se levantou da caverna, e prosseguiu o seu
caminho.
8. Depois também Davi se levantou e, saindo da caverna, gritou por
detrás de Saul, dizendo: Ó rei, meu senhor! Quando Saul olhou para trás, Davi
se inclinou com o rosto em terra e lhe fez reverência.
9. Então disse Davi a Saul: por que dás ouvidos às palavras dos homens
que dizem: Davi procura fazer-te mal?
10. Eis que os teus olhos acabam de ver que o Senhor hoje te pôs em
minhas mãos nesta caverna; e alguns disseram que eu te matasse, porém a minha
mão te poupou; pois eu disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor,
porque é o ungido do Senhor.
11. Olha, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão, pois
cortando-te eu a orla do manto, não te matei. Considera e vê que não há na
minha mão nem mal nem transgressão alguma, e que não pequei contra ti, ainda
que tu andes à caça da minha vida para ma tirares.
12. Julgue o Senhor entre mim e ti, e vingue-me o Senhor de ti; a minha
mão, porém, não será contra ti.
13. Como diz o provérbio dos antigos: Dos ímpios procede a impiedade. A
minha mão, porém, não será contra ti.
14. Após quem saiu o rei de Israel? a quem persegues tu? A um cão
morto, a uma pulga!
15. Seja, pois, o Senhor juiz, e julgue entre mim e ti; e veja, e advogue
a minha causa, e me livre da tua mão.
16. Acabando Davi de falar a Saul todas estas palavras, perguntou Saul: E
esta a tua voz, meu filho Davi? Então Saul levantou a voz e chorou.
17. E disse a Davi: Tu és mais justo do que eu, pois me recompensaste
com bem, e eu te recompensei com mal.
18. E tu mostraste hoje que procedeste bem para comigo, por isso que,
havendo-me o Senhor entregado na tua mão, não me mataste.
19. Pois, quem há que, encontrando o seu inimigo, o deixará ir o seu
caminho? O Senhor, pois, te pague com bem, pelo que hoje me fizeste.
20. Agora, pois, sei que certamente hás de reinar, e que o reino de
Israel há de se firmar na tua mão.
21. Portanto jura-me pelo Senhor que não desarraigarás a minha
descendência depois de mim, nem extinguirás o meu nome da casa de meu pai.
22. Então jurou Davi a Saul. E foi Saul para sua casa, mas Davi e os
seus homens subiram ao lugar forte.
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I Samuel 25
1. Ora, faleceu Samuel; e todo o Israel se ajuntou e o pranteou; e o
sepultaram na sua casa, em Ramá. E Davi se levantou e desceu ao deserto de
Parã.
2. Havia um homem em Maom que tinha as suas possessões no Carmelo. Este
homem era muito rico, pois tinha três mil ovelhas e mil Cabras e estava
tosquiando as suas ovelhas no Carmelo.
3. Chamava-se o homem Nabal, e sua mulher chamava-se Abigail; era a
mulher sensata e formosa; o homem porém, era duro, e maligno nas suas ações;
e era da casa de Calebe.
4. Ouviu Davi no deserto que Nabal tosquiava as suas ovelhas,
5. e enviou-lhe dez mancebos, dizendo-lhes: Subi ao Carmelo, ide a Nabal
e perguntai-lhe, em meu nome, como está.
6. Assim lhe direis: Paz seja contigo, e com a tua casa, e com tudo o que
tens.
7. Agora, pois, tenho ouvido que tens tosquiadores. Ora, os pastores que
tens acabam de estar conosco; agravo nenhum lhes fizemos, nem lhes desapareceu
coisa alguma por todo o tempo que estiveram no Carmelo.
8. Pergunta-o aos teus mancebos, e eles to dirão. Que achem, portanto,
os teus servos graça aos teus olhos, porque viemos em boa ocasião. Dá, pois,
a teus servos e a Davi, teu filho, o que achares à mão.
9. Chegando, pois, os mancebos de Davi, falaram a Nabal todas aquelas
palavras em nome de Davi, e se calaram.
10. Ao que Nabal respondeu aos servos de Davi, e disse: Quem é Davi, e
quem o filho de Jessé? Muitos servos há que hoje fogem ao seu senhor.
11. Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas
reses que degolei para os meus tosquiadores, e os daria a homens que não sei
donde vêm?
12. Então os mancebos de Davi se puseram a caminho e, voltando, vieram
anunciar-lhe todas estas palavras.
13. Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E
cada um cingiu a sua espada, e Davi também cingiu a sua, e subiram após Davi
cerca de quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.
14. um dentre os mancebos, porém, o anunciou a Abigail, mulher de Nabal,
dizendo: Eis que Davi enviou mensageiros desde o deserto a saudar o nosso amo; e
ele os destratou.
15. Todavia, aqueles homens têm-nos sido muito bons, e nunca fomos
agravados deles, e nada nos desapareceu por todo o tempo em que convivemos com
eles quando estávamos no campo.
16. De muro em redor nos serviram, assim de dia como de noite, todos os
dias que andamos com eles apascentando as ovelhas.
17. Considera, pois, agora e vê o que hás de fazer, porque o mal já
está de todo determinado contra o nosso amo e contra toda a sua casa; e ele é
tal filho de Belial, que não há quem lhe possa falar.
18. Então Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, dois odres de
vinho, cinco ovelhas assadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de
passas, e duzentas pastas de figos secos, e os pôs sobre jumentos.
19. E disse aos seus mancebos: Ide adiante de mim; eis que vos seguirei
de perto. Porém não o declarou a Nabal, seu marido.
20. E quando ela, montada num jumento, ia descendo pelo encoberto do
monte, eis que Davi e os seus homens lhe vinham ao encontro; e ela se encontrou
com eles.
21. Ora, Davi tinha dito: Na verdade que em vão tenho guardado tudo
quanto este tem no deserto, de sorte que nada lhe faltou de tudo quanto lhe
pertencia; e ele me pagou mal por bem.
22. Assim faça Deus a Davi, e outro tanto, se eu deixar até o
amanhecer, de tudo o que pertence a Nabal, um só varão.
23. Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e
prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, inclinando-se à terra,
24. e, prostrada a seus pés, lhe disse: Ah, senhor meu, minha seja a
iniqüidade! Deixa a tua serva falar aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua
serva.
25. Rogo-te, meu senhor, que não faças caso deste homem de Belial, a
saber, Nabal; porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é o seu nome, e a
loucura está com ele; mas eu, tua serva, não vi os mancebos de meu senhor, que
enviaste.
26. Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, porquanto
o Senhor te impediu de derramares sangue, e de te vingares com a tua própria
mão, sejam agora como Nabal os teus inimigos e os que procuram fazer o mal
contra o meu senhor.
27. Aceita agora este presente que a tua serva trouxe a meu senhor; seja
ele dado aos mancebos que seguem ao meu senhor.
28. Perdoa, pois, a transgressão da tua serva; porque certamente fará o
Senhor casa firme a meu senhor, pois meu senhor guerreia as guerras do Senhor; e
não se achará mal em ti por todos os teus dias.
29. Se alguém se levantar para te perseguir, e para buscar a tua vida,
então a vida de meu senhor será atada no feixe dos que vivem com o Senhor teu
Deus; porém a vida de teus inimigos ele arrojará ao longe, como do côncavo de
uma funda.
30. Quando o Senhor tiver feito para com o meu senhor conforme todo o bem
que já tem dito de ti, e te houver estabelecido por príncipe sobre Israel,
31. então, meu senhor, não terás no coração esta tristeza nem este
remorso de teres derramado sangue sem causa, ou de haver-se vingado o meu senhor
a si mesmo. E quando o Senhor fizer bem a meu senhor, lembra-te então da tua
serva.
32. Ao que Davi disse a Abigail: Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
que hoje te enviou ao meu encontro!
33. E bendito seja o teu conselho, e bendita sejas tu, que hoje me
impediste de derramar sangue, e de vingar-me pela minha própria mão!
34. Pois, na verdade, vive o Senhor Deus de Israel que me impediu de te
fazer mal, que se tu não te apressaras e não me vieras ao encontro, não teria
ficado a Nabal até a luz da manhã nem mesmo um menino.
35. Então Davi aceitou da mão dela o que lhe tinha trazido, e lhe
disse: Sobe em paz à tua casa; vê que dei ouvidos à tua voz, e aceitei a tua
face.
36. Ora, quando Abigail voltou para Nabal, eis que ele fazia em sua casa
um banquete, como banquete de rei; e o coração de Nabal estava alegre, pois
ele estava muito embriagado; pelo que ela não lhe deu a entender nada daquilo,
nem pouco nem muito, até a luz da manhã.
37. Sucedeu, pois, que, pela manhã, estando Nabal já livre do vinho,
sua mulher lhe contou essas coisas; de modo que o seu coração desfaleceu, e
ele ficou como uma pedra.
38. Passados uns dez dias, o Senhor feriu a Nabal, e ele morreu.
39. Quando Davi ouviu que Nabal morrera, disse: Bendito seja o Senhor,
que me vingou da afronta que recebi de Nabal, e deteve do mal a seu servo,
fazendo cair a maldade de Nabal sobre a sua cabeça. Depois mandou Davi falar a
Abigail, para tomá-la por mulher.
40. Vindo, pois, os servos de Davi a Abigail, no Carmelo, lhe falaram,
dizendo: Davi nos mandou a ti, para te tomarmos por sua mulher.
41. Ao que ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse:
Eis que a tua serva servirá de criada para lavar os pés dos servos de meu
senhor.
42. Então Abigail se apressou e, levantando-se, montou num jumento, e
levando as cinco moças que lhe assistiam, seguiu os mensageiros de Davi, que a
recebeu por mulher.
43. Davi tomou também a Ainoã de Jizreel; e ambas foram suas mulheres.
44. Pois Saul tinha dado sua filha Mical, mulher de Davi, a Palti, filho
de Laís, o qual era de Galim.
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I Samuel 26
1. Ora, vieram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não está Davi se
escondendo no outeiro de Haquilá, defronte de Jesimom?
2. Então Saul se levantou, e desceu ao deserto de Zife, levando consigo
três mil homens escolhidos de Israel, para buscar a Davi no deserto de Zife.
3. E acampou-se Saul no outeiro de Haquilá, defronte de Jesimom, junto
ao caminho; porém Davi ficou no deserto, e percebendo que Saul vinha após ele
ao deserto,
4. enviou espias, e certificou-se de que Saul tinha chegado.
5. Então Davi levantou-se e foi ao lugar onde Saul se tinha acampado;
viu Davi o lugar onde se deitavam Saul e Abner, filho de Ner, chefe do seu
exército. E Saul estava deitado dentro do acampamento, e o povo estava acampado
ao redor dele.
6. Então Davi, dirigindo-se a Aimeleque, o heteu, e a Abisai, filho de
Zeruia, irmão de Joabe, perguntou: Quem descerá comigo a Saul, ao arraial?
Respondeu Abisai: Eu descerei contigo.
7. Foram, pois, Davi e Abisai de noite ao povo; e eis que Saul estava
deitado, dormindo dentro do acampamento, e a sua lança estava pregada na terra
à sua cabeceira; e Abner e o povo estavam deitados ao redor dele.
8. Então disse Abisai a Davi: Deus te entregou hoje nas mãos o teu
inimigo; deixa-me, pois, agora encravá-lo na terra, com a lança, de um só
golpe; não o ferirei segunda vez.
9. Mas Davi respondeu a Abisai: Não o mates; pois quem pode estender a
mão contra o ungido do Senhor, e ficar inocente?
10. Disse mais Davi: Como vive o Senhor, ou o Senhor o ferirá, ou
chegará o seu dia e morrerá, ou descerá para a batalha e perecerá;
11. o Senhor, porém, me guarde de que eu estenda a mão contra o ungido
do Senhor. Agora, pois, toma a lança que está à sua cabeceira, e a bilha
d'água, e vamo-nos.
12. Tomou, pois, Davi a lança e a bilha d'água da cabeceira de Saul, e
eles se foram. Ninguém houve que o visse, nem que o soubesse, nem que
acordasse; porque todos estavam dormindo, pois da parte do Senhor havia caído
sobre eles um profundo sono.
13. Então Davi, passando à outra banda, pôs-se no cume do monte, ao
longe, de maneira que havia grande distância entre eles.
14. E Davi bradou ao povo, e a Abner, filho de Ner, dizendo: Não
responderás, Abner? Então Abner respondeu e disse: Quem és tu, que bradas ao
rei?
15. Ao que disse Davi a Abner: Não és tu um homem? e quem há em Israel
como tu? Por que, então, não guardaste o rei, teu senhor? porque um do povo
veio para destruir o rei, teu senhor.
16. Não é bom isso que fizeste. Vive o Senhor, que sois dignos de
morte, porque não guardastes a vosso senhor, o ungido do Senhor. Vede, pois,
agora onde está a lança do rei, e a bilha d'água que estava à sua cabeceira.
17. Saul reconheceu a voz de Davi, e disse: Não é esta a tua voz, meu
filho Davi? Respondeu Davi: E minha voz, ó rei, meu senhor.
18. Disse mais: Por que o meu senhor persegue tanto o seu servo? que fiz
eu? e que maldade se acha na minha mão?
19. Ouve pois agora, ó rei, meu senhor, as palavras de teu servo: Se é
o Senhor quem te incita contra mim, receba ele uma oferta; se, porém, são os
filhos dos homens, malditos sejam perante o Senhor, pois eles me expulsaram hoje
para que eu não tenha parte na herança do Senhor, dizendo: Vai, serve a outros
deuses.
20. Agora, pois, não caia o meu sangue em terra fora da presença do
Senhor; pois saiu o rei de Israel em busca duma pulga, como quem persegue uma
perdiz nos montes.
21. Então disse Saul: Pequei; volta, meu filho Davi, pois não tornarei
a fazer-te mal, porque a minha vida foi hoje preciosa aos teus olhos. Eis que
procedi como um louco, e errei grandissimamente.
22. Davi então respondeu, e disse: Eis aqui a lança, ó rei! venha cá
um os mancebos, e leve-a.
23. O Senhor, porém, pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade;
pois o Senhor te entregou hoje na minha mão, mas eu não quis estender a mão
contra o ungido do Senhor.
24. E assim como foi a tua vida hoje preciosa aos meus olhos, seja a
minha vida preciosa aos olhos do Senhor, e livre-me ele de toda a tribulação.
25. Então Saul disse a Davi: Bendito sejas tu, meu filho Davi, pois
grandes coisas farás e também certamente prevalecerás. Então Davi se foi o
seu caminho e Saul voltou para o seu lugar.
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I Samuel 27
1. Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, perecerei ainda algum dia
pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar para a terra
dos filisteus, para que Saul perca a esperança de mim, e cesse de me buscar por
todos os termos de Israel; assim escaparei da sua mão.
2. Então Davi se levantou e passou, com os seiscentos homens que com ele
estavam, para Áquis, filho de Maoque, rei de Gate.
3. E Davi ficou com Áquis em Gate, ele e os seus homens, cada um com a
sua família, e Davi com as suas duas mulheres, Ainoã, a jizreelita, e Abigail,
que fora mulher de Nabal, o carmelita.
4. Ora, sendo Saul avisado de que Davi tinha fugido para Gate, não
cuidou mais de buscá-lo.
5. Disse Davi a Áquis: Se eu tenho achado graça aos teus olhos, que se
me dê lugar numa das cidades do país, para que eu ali habite; pois, por que
haveria o teu servo de habitar contigo na cidade real?
6. Então lhe deu Áquis naquele dia a cidade de Ziclague; pelo que
Ziclague pertence aos reis de Judá, até o dia de hoje.
7. E o número dos dias que Davi habitou na terra dos filisteus foi de um
ano e quatro meses.
8. Ora, Davi e os seus homens subiam e davam sobre os gesuritas, e os
girzitas, e os amalequitas; pois, desde tempos remotos, eram estes os moradores
da terra que se estende na direção de Sur até a terra do Egito.
9. E Davi feria aquela terra, não deixando com vida nem homem nem
mulher; e, tomando ovelhas, bois, jumentos, camelos e vestuários, voltava, e
vinha a Áquis.
10. E quando Áquis perguntava: Sobre que parte fizestes incursão hoje?
Davi respondia: Sobre o Negebe de Judá; ou: Sobre o Negebe dos jerameelitas;
ou: Sobre o Negebe dos queneus.
11. E Davi não deixava com vida nem homem nem mulher para trazê-los a
Gate, pois dizia: Para que porventura não nos denunciem, dizendo: Assim fez
Davi. E este era o seu costume por todos os dias que habitou na terra dos
filisteus.
12. Áquis, pois, confiava em Davi, dizendo: Fez-se ele por certo
aborrecível para com o seu povo em Israel; pelo que me será por servo para
sempre.
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I Samuel 28
1. Naqueles dias ajuntaram os filisteus os seus exércitos para a guerra,
para pelejarem contra Israel. Disse Áquis a Davi: Sabe de certo que sairás
comigo ao arraial, tu e os teus homens.
2. Respondeu Davi a Áquis: Assim saberás o que o teu servo há de
fazer. E disse Áquis a Davi: Por isso te farei para sempre guarda da minha
pessoa.
3. Ora, Samuel já havia morrido, e todo o Israel o tinha chorado, e o
tinha sepultado e em Ramá, que era a sua cidade. E Saul tinha desterrado es
necromantes e os adivinhos.
4. Ajuntando-se, pois, os filisteus, vieram acampar-se em Suném; Saul
ajuntou também todo o Israel, e se acamparam em Gilboa.
5. Vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu e estremeceu muito o seu
coração.
6. Pelo que consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu,
nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.
7. Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me uma necromante, para que
eu vá a ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Eis que em En-Dor há
uma mulher que é necromante.
8. Então Saul se disfarçou, vestindo outros trajes; e foi ele com dois
homens, e chegaram de noite à casa da mulher. Disse-lhe Saul: Peço-te que me
adivinhes pela necromancia, e me faças subir aquele que eu te disser.
9. A mulher lhe respondeu: Tu bem sabes o que Saul fez, como exterminou
da terra os necromantes e os adivinhos; por que, então, me armas um laço à
minha vida, para me fazeres morrer?
10. Saul, porém, lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Como vive o Senhor,
nenhum castigo te sobrevirá por isso.
11. A mulher então lhe perguntou: Quem te farei subir? Respondeu ele:
Faze-me subir Samuel.
12. Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz, e falou a Saul,
dizendo: Por que me enganaste? pois tu mesmo és Saul.
13. Ao que o rei lhe disse: Não temas; que é que vês? Então a mulher
respondeu a Saul: Vejo um deus que vem subindo de dentro da terra.
14. Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um
ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se
com o rosto em terra, e lhe fez reverência.
15. Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então
disse Saul: Estou muito angustiado, porque os filisteus guerreiam contra mim, e
Deus se tem desviado de mim, e já não me responde, nem por intermédio dos
profetas nem por sonhos; por isso te chamei, para que me faças saber o que hei
de fazer.
16. Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas a mim, visto que o
Senhor se tem desviado de ti, e se tem feito teu inimigo?
17. O Senhor te fez como por meu intermédio te disse; pois o Senhor
rasgou o reino da tua mão, e o deu ao teu próximo, a Davi.
18. Porquanto não deste ouvidos à voz do Senhor, e não executaste e
furor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isto.
19. E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus.
Amanhã tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará o arraial de
Israel na mão dos filisteus.
20. Imediatamente Saul caiu estendido por terra, tomado de grande medo
por causa das palavras de Samuel; e não houve força nele, porque nada havia
comido todo aquele dia e toda aquela noite.
21. Então a mulher se aproximou de Saul e, vendo que estava tão
perturbado, disse-lhe: Eis que a tua serva deu ouvidos à tua voz; pus a minha
vida na minha mão, dando ouvidos às palavras que disseste.
22. Agora, pois, ouve também tu as palavras da tua serva, e permite que
eu ponha um bocado de pão diante de ti; come, para que tenhas forças quando te
puseres a caminho.
23. Ele, porém, recusou, dizendo: Não comerei. Mas os seus servos e a
mulher o constrangeram, e ele deu ouvidos à sua voz; e levantando-se do chão,
sentou-se na cama.
24. Ora, a mulher tinha em casa um bezerro cevado; apressou-se, pois, e o
degolou; também tomou farinha, e a amassou, e a cozeu em bolos ázimos.
25. Então pôs tudo diante de Saul e de seus servos; e eles comeram.
Depois levantaram-se e partiram naquela mesma noite.
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I Samuel 29
1. Os filisteus ajuntaram todos os seus exércitos em Afeque; e
acamparam-se os israelitas junto à fonte que está em Jizreel.
2. Então os chefes dos filisteus se adiantaram com centenas e com
milhares; e Davi e os seus homens iam com Áquis na retaguarda.
3. Perguntaram os chefes dos filisteus: que fazem aqui estes hebreus?
Respondeu Áquis aos chefes dos filisteus: Não é este Davi, o servo de Saul,
rei de Israel, que tem estado comigo alguns dias ou anos? e nenhuma culpa tenho
achado nele desde o dia em que se revoltou, até o dia de hoje.
4. Mas os chefes dos filisteus muito se indignaram contra ele, e disseram
a Áquis: Faze voltar este homem para que torne ao lugar em que o puseste; não
desça ele conosco à batalha, a fim de que não se torne nosso adversário no
combate; pois, como se tornaria este agradável a seu senhor? porventura não
seria com as cabeças destes homens?
5. Este não é aquele Davi, a respeito de quem cantavam nas danças:
Saul feriu os seus milhares, mas Davi os seus dez milhares?
6. Então Áquis chamou a Davi e disse-lhe: Como vive o Senhor, tu és
reto, e a sua entrada e saída comigo no arraial é boa aos meus olhos, pois
nenhum mal tenho achado em ti, desde o dia em que vieste ter comigo, até o dia
de hoje; porém aos chefes não agradas.
7. Volta, pois, agora, e vai em paz, para não desagradares os chefes dos
filisteus.
8. Ao que Davi disse a Áquis: Por quê? que fiz eu? ou, que achaste no
teu servo, desde o dia em que vim ter contigo, até o dia de hoje, para que eu
não vá pelejar contra es inimigos do rei meu senhor?
9. Respondeu, porém, Áquis e disse a Davi: Bem o sei; e, na verdade,
aos meus olhos és bom como um anjo de Deus; contudo os chefes dos filisteus
disseram: Este não há de subir conosco à batalha.
10. Levanta-te, pois, amanhã de madrugada, tu e os servos de teu senhor
que vieram contigo; e, tendo vos levantado de madrugada, parti logo que haja
luz.
11. Madrugaram, pois, Davi e os seus homens, a fim de partirem, pela
manhã, e voltarem à terra dos filisteus; e os filisteus subiram a Jizreel.
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I Samuel 30
1. Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a
Ziclague, os amalequitas tinham feito uma incursão sobre o Negebe, e sobre
Ziclague, e tinham ferido a Ziclague e a tinham queimado a fogo;
2. e tinham levado cativas as mulheres, e todos os que estavam nela,
tanto pequenos como grandes; a ninguém, porém, mataram, tão-somente os
levaram consigo, e foram o seu caminho.
3. Quando Davi e os seus homens chegaram à cidade, eis que estava
queimada a fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas tinham sido levados
cativos.
4. Então Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua voz, e
choraram, até que não ouve neles mais forças para chorar.
5. Também as duas mulheres de Davi foram levadas cativas: Ainoã, a
jizreelita, e Abigail, que fora mulher de Nabal, o carmelita.
6. Também Davi se angustiou; pois o povo falava em apedrejá-lo,
porquanto a alma de todo o povo estava amargurada por causa de seus filhos e de
suas filhas. Mas Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus.
7. Disse Davi a Abiatar, o sacerdote, filho de Aimeleque: Traze-me aqui o
éfode. E Abiatar trouxe o éfode a Davi.
8. Então consultou Davi ao Senhor, dizendo: Perseguirei eu a esta tropa?
alcançá-la-ei? Respondeu-lhe o Senhor: Persegue-a; porque de certo a
alcançarás e tudo recobrarás.
9. Ao que partiu Davi, ele e os seiscentos homens que com ele se achavam,
e chegaram ao ribeiro de Besor, onde pararam os que tinham ficado para trás.
10. Mas Davi ainda os perseguia, com quatrocentos homens, enquanto que
duzentos ficaram atrás, por não poderem, de cansados que estavam, passar o
ribeiro de Besor.
11. Ora, acharam no campo um egípcio, e o trouxeram a Davi; deram-lhe
pão a comer, e água a beber;
12. deram-lhe também um pedaço de massa de figos secos e dois cachos de
passas. Tendo ele comido, voltou-lhe o ânimo; pois havia três dias e três
noites que não tinha comido pão nem bebido água.
13. Então Davi lhe perguntou: De quem és tu, e donde vens? Respondeu
ele: Sou um moço egípcio, servo dum amalequita; e o meu senhor me abandonou,
porque adoeci há três dias.
14. Nós fizemos uma incursão sobre o Negebe dos queretitas, sobre o de
Judá e sobre o de Calebe, e pusemos fogo a Ziclague.
15. Perguntou-lhe Davi: Poderias descer e guiar-me a essa tropa?
Respondeu ele: Jura-me tu por Deus que não me matarás, nem me entregarás na
mão de meu senhor, e eu descerei e te guiarei a essa tropa.
16. Desceu, pois, e o guiou; e eis que eles estavam espalhados sobre a
face de toda a terra, comendo, bebendo e dançando, por causa de todo aquele
grande despojo que haviam tomado da terra dos filisteus e a terra de Judá.
17. Então Davi os feriu, desde o crepúsculo até a tarde do dia
seguinte, e nenhum deles escapou, senão só quatrocentos mancebos que, montados
sobre camelos, fugiram.
18. Assim recobrou Davi tudo quanto os amalequitas haviam tomado; também
libertou as suas duas mulheres.
19. De modo que não lhes faltou coisa alguma, nem pequena nem grande,
nem filhos nem filhas, nem qualquer coisa de tudo quanto os amalequitas lhes
haviam tomado; tudo Davi tornou a trazer.
20. Davi lhes tomou também todos os seus rebanhos e manadas; e o povo os
levava adiante do outro gado, e dizia: Este é o despojo de Davi.
21. Quando Davi chegou aos duzentos homens que, de cansados que estavam,
não tinham podido segui-los, e que foram obrigados a ficar ao pé do ribeiro de
Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e Davi,
aproximando-se deles, os saudou em paz.
22. Então todos os malvados e perversos, dentre os homens que tinham ido
com Davi, disseram: Visto que não foram conosco, nada lhes daremos do despojo
que recobramos, senão a cada um sua mulher e seus filhos, para que os levem e
se retirem.
23. Mas Davi disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o
Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra
nós.
24. E quem vos daria ouvidos nisso? pois qual é a parte dos que desceram
à batalha, tal será também a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão
partes.
25. E assim foi daquele dia em diante, ficando estabelecido por estatuto
e direito em Israel até o dia de hoje.
26. Quando Davi chegou a Ziclague, enviou do despojo presente aos
anciãos de Judá, seus amigos, dizendo: Eis aí para vós um presente do
despojo dos inimigos do Senhor;
27. aos de Betel, aos de Ramote do Sul, e aos de Jatir;
28. aos de Aroer, aos de Sifmote, e aos de Estemoa;
29. aos de Racal, aos das cidades dos jerameelitas, e aos das cidades dos
queneus;
30. aos de Horma, aos de Corasã, e aos de Atace;
31. e aos de Hebrom, e aos de todos os lugares que Davi e os seus homens
costumavam freqüentar.
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I Samuel 31
1. Ora, os filisteus pelejaram contra Israel; e os homens de Israel
fugiram de diante dos filisteus, e caíram mortos no monte Gilboa.
2. E os filisteus apertaram com Saul e seus filhos, e mataram a Jônatas,
a Abinadabe e a Malquisua, filhos de Saul.
3. A peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o alcançaram, e o
feriram gravemente.
4. Pelo que disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e
atravessa-me com ela, para que porventura não venham esses incircuncisos, e me
atravessem e escarneçam de mim. Mas o seu escudeiro não quis, porque temia
muito. Então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ela.
5. Vendo, pois, e seu escudeiro que Saul já era morto, também ele se
lançou sobre a sua espada, e morreu com ele.
6. Assim morreram juntamente naquele dia Saul, seus três filhos, e seu
escudeiro, e todos os seus homens.
7. Quando os israelitas que estavam no outro lado do vale e os que
estavam além de Jordão viram que os homens de Israel tinham fugido, e que Saul
e seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram; e vieram os
filisteus e habitaram nelas.
8. No dia seguinte, quando os filisteus vieram para despojar os mortos,
acharam Saul e seus três filhos estirados no monte Gilboa.
9. Então cortaram a cabeça a Saul e o despejaram das suas armas; e
enviaram pela terra dos filisteus, em redor, a anunciá-lo no templo dos seus
ídolos e entre e povo,
10. Puseram as armas de Saul no templo de Astarote; e penduraram o seu
corpo no muro de Bete-Seã.
11. Quando os moradores de Jabes-Gileade ouviram isso a respeito de Saul,
isto é, o que os filisteus lhe tinham feito,
12. todos os homens valorosos se levantaram e, caminhando a noite toda,
tiraram e corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Bete-Seã; e
voltando a Jabes, ali os queimaram.
13. Depois tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo da tamargueira,
em Jabes, e jejuaram sete dias.
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